quinta-feira, 8 de maio de 2008

Boca sempre Boca

Afinal, os brasileiros não conseguem ganhar do Boca porque jogam menos, ou por que têm medinho?
Já são 11 derrotas seguidas em mata-matas. Afinal, Caranta, Dátolo, Riquelme e Palermo podem até ser eficientes, mas não são de outro mundo...
Sobre o tema, vale ler um post do blog do Garambone, que reproduzo abaixo:

Ilmo Sr. Presidente da Conmebol, Nicolas Leoz

Viemos por meio desta rogar por um adendo no regulamento da Copa Libertadores da América. Mesmo discordando do item que prevê mecanismos para evitar uma final entre times do mesmo país, achamos que um outro item pode ser adicionado a este quesito. Já que desde 1963, na final contra o Santos, o ilustríssimo clube Boca Juniors não perde para times brasileiros em mata-matas, solicitamos que seja proibido, para sempre, confrontos deste tipo. Perdeu a graça. Neste caminho tortuoso e sofrido do futebol pentacampeão do mundo, sofreram Flamengo, Corinthians, Paysandu, Palmeiras, Vasco... e tantos outros, que agora têm a companhia do Cruzeiro, somando-se assim 11 disputas “mano a mano” vencidas pelo popular time azul-amarelo de Buenos Aires. Longe de pedirmos a mesma coisa para River Plate, Estudiantes, San Lorenzo, Independiente ou qualquer outra agremiação argentina. O problema em questão, senhor presidente, é o Boca.
Atenciosamente,
Um montão de torcedores brasileiros.

Ninguém dá topada porque quer


Os olhos vermelhos e a voz vacilante do Joel Santana na coletiva depois da derrota histórica para o América representam bem o que foi a noite de ontem para o Flamengo. “Ninguém bate o carro porque quer, ninguém dá topada porque quer. Tem coisas que simplesmente acontecem”, afirmou o novo treinador da África do Sul. A verdade é que algumas tragédias parecem realmente inevitáveis.

Assim que o juiz apitou o fim da partida, todo comentarista esportivo já tinha na ponta da língua uma explicação para o fracasso. Era óbvio. Fizeram festa pro Joel. Os dirigentes invadiram o campo. Menosprezaram o América. O Flamengo não tem meio-campo. Não poderia ter partido pra cima dos mexicanos. O Souza não faz gol. O Toró só faz faltas. O Ibson faz tempo que não joga. O Caio Júnior é um tremendo pé-frio.

Tudo isso pode ser verdade. Mas comentar depois é muito fácil. Assim como hoje é muito claro que o Brasil só poderia ter perdido para o Uruguai em 1950, só não viu quem não quis. Assim como é evidente que a seleção feminina de vôlei não tinha como ganhar da Rússia nas Olimpíadas depois de abrir 24 a 19, assim como é óbvio que o Botafogo iria abrir as pernas para o River depois de fazer 2 a 1 fora de casa na sul-americana do ano passado.

Tudo é muito óbvio e todo mundo fez tudo errado. Só não viu quem é cego. O Flamengo não tem meio, não tem banco, e vai se dar mal no Brasileiro. O Caio Júnior não vai ter pulso para administrar a crise. Os salários vão atrasar. O Flamengo vai fazer o mesmo papelão que vem fazendo nos últimos 15 anos no campeonato nacional. No meio de tantas certezas, eu ainda fico com a do Joel. “O que tinha ser feito, a gente fez. Mas futebol é assim”.

A culpa, nessas horas, está muito mais na ansiedade de jogadores mal-acostumados a jogar decisões e de uma torcida e um time sedento por títulos importantes que rarearam nas estantes da Gávea. A derrota e o fracasso estavam, durante todo o jogo, nos piores pensamentos de cada um dos jogadores do Flamengo. Fracassaram pelo mesmo motivo que a Mari errou cinco ataques seguidos no quarto set contra a Rússia. Não é que a Mari não tenha treinado. Acontece que não estava acostumada a uma competição daquele nível e tinha o país inteiro nos ombros. Quando viu que o sucesso batia à porta, fracassou. Assim como o Bruno, o Léo Moura, o Souza. Ninguém dá topada porque quer. E não adianta culpar até o Caio Júnior.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Seleção de 2008

Abaixo a minha seleção dos melhores jogadores desses primeiros quatros meses de 2008 no Brasil. Vale atuações pelos estaduais, Libertadores e Copa do Brasil. E a sua, qual é?

1- Wilson, do Figueirense
2- Leonardo Moura, do Flamengo
3- Thiago Silva, do Fluminense
4- Henrique, do Palmeiras
5- Pierre, do Palmeiras
6- André Santos, do Corinthians
7- Guiñazu, do Inter
8- Tiago Neves, do Fluminense
9- Obina, do Flamengo
10- Valdívia, do Palmeiras
11- Marcelo Moreno, do Cruzeiro

Técnico: Joel Santana

domingo, 4 de maio de 2008

He belongs to Jesus

Lula, Roger Agnelli, Ivete Sangalo, José Serra, José Padilha, Wagner Moura, Ronaldo, Gisele Bündchen, Henrique Meirelles, Luciano Coutinho, Rogério Ceni, Silvio Santos. Todos influenciam mais meu dia-a-dia do que Kaká, escolhido pela revista Time como o brasileiro mais influente da atualidade. Ótimo jogador e bom caráter, Kaká tem carreira irrepreensível. Daí a figurar na lista da influente revista americana, vai uma distância enorme.

A ressaca dos campeões


Flamengo, Palmeiras, Inter, Coritiba, Cruzeiro, Figueirense e Itumbiara começam a semana como campeões estaduais. Zebra, zebra, só em Goiás. No mais, imaginava-se que o Juventude pudesse surpreender o Inter mais uma vez e que o Botafogo se aproveitasse do cansaço do Flamengo para vencer o segundo jogo e conquistar o título. Mas não deu.

Agora, passada a festa do título, esses clubes ganham ânimo extra para os próximos torneios. O Flamengo continua em grande forma. Joga como há muito tempo não fazia. Parece até o grande time dos anos 1980. Já está nas quartas da Libertadores e, de bem com a torcida, é finalmente favorito para o título brasileiro. O maior trunfo do time, porém, pode se transformar em problema. Ao contrário do time campeão do mundo, o grupo atual não tem um grande craque, o camisa 10 incontestável. Ganha no conjunto. Contar apenas com os gols do Obina, com raros lampejos do Renato Augusto e com a velocidade dos laterais pode ser pouco para satisfazer a expectativa de sua enorme torcida.

O Cruzeiro, campeão estadual que joga a Libertadores, tem jogadores rápidos, de pegada e bons de bola, mas inexperientes. Acovardaram-se na Bombonera e precisam provar que podem enfrentar clubes como o Boca com a mesma fibra que demonstraram contra o galo.

O Palmeiras, se mantiver o Valdívia, reaparece como o melhor time de São Paulo depois de quase uma década. O mais importante do título estadual é acabar com o estigma de time pequeno que já começava a tomar conta dos corredores do Parque Antártica. Quanto a Luxemburgo, gostem ou não, o homem tem o toque de Midas.

No sul, o Inter humilhou o Juventude, com volta por cima do ídolo Fernandão, e desponta como favorito para qualquer torneio que disputar. Falta só o Nilmar jogar o que dele se espera. Figueirense e Coritiba, apesar, dos títulos, vão ter que contratar, e bem, para fazer um papel intermediário no torneio. O coxa não pode se dar ao luxo de perder o Keirrison.

O figueira, por sua vez, tem que decidir se Gallo é o homem certo para levar o clube a mais uma boa campanha no nacional. E, para variar, tem que encontrar um centroavante que decida. Um homem gol fez muita falta na sofrida decisão contra o Criciúma. Edu Sales não é o cara. Já não era no Coritiba e não será no Brasileirão. Outro problema é depender excessivamente de jogadores instáveis como Fernandes e Cleiton Xavier.

Já em Goiás, que semana do alviverde...

Inimigo da sorte


Após mais uma derrota, o técnico botafoguense Cuca pediu desculpas a seu torcedor, garantiu que ninguém amarelou e afirmou que os jogadores chegaram a seu limite. Exausto, cabisbaixo e com a voz triste, lamentou perder um jogo que estava na mão. Mais um jogo. Essa é a sina do Botafogo. E também a do Cuca. Nenhum treinador brasileiro tem tanto a ver com seu clube. Tanto na vitória quanto na derrota, Cuca é a cara do Botafogo.

Um dos melhores treinadores da tal “nova geração”, Cuca simplesmente não consegue conquistar títulos. Essa sina parecia cravada em seu destino desde sua primeira decisão. Dessa eu me lembro bem. O dia era 25 de julho de 1999 e o Avaí, time do Cuca, jogava por um empate no Orlando Scarpelli para conquistar o estadual pela décima quarta vez. A classificação para a final havia sido histórica, com uma vitória sofrida em Criciúma, num jogo em que o Avaí tinha apenas três jogadores no banco. Depois da lamacenta vitória, enquanto peitava seus jogadores, o iniciante Cuca garantiu que “um time com onze machos não precisa de mais ninguém”.

Na final, porém, o vibrante treinador não conseguiu evitar a derrota. Que foi contestada, com gol anulado aos dez minutos do segundo tempo da prorrogação. Após o apito final, com a torcida alvejada por balas de borracha, Cuca não disse nada aos repórteres. Caminhou sozinho para o vestiário, afundou a cabeça entre as mãos e chorou. Como o futebol é injusto, Cuca vem chorando até hoje. Mas injustiça tem limite. Além de batalhador e exímio motivador, Cuca conhece tática e arma ótimos e ofensivos times com o grupo que lhe entregam.

Europa sem brasileiros

O rolo de Ronaldo com os travestis no Rio de Janeiro representa mais que um episódio esquisito e lamentável de sua carreira, simboliza o fim de uma temporada muito ruim para os brasileiros que jogam na Europa. Temporada que, aliás, ainda não terminou, mas que não reserva surpresas para nossos conterrâneos. Dos clubes com chances reais de serem campeões, nenhum deles tem um brasileiro como seu principal destaque.

Os mais famosos, principalmente, não renderam o que deles se esperava. Kaká, o melhor do mundo, combalido por lesões, não foi capaz de levar o Milan a mais uma boa campanha na Liga dos Campeões – já que o italiano começou perdido. Ronaldinho parece simplesmente ter perdido a vontade de jogar e encantar. Ronaldo, coitado, continua perseguido por lesões e parece ter cada vez menos paciência para dar a volta por cima.

No segundo escalão, os brasileiros também não foram tão decisivos quanto em anos anteriores. No Lyon, Juninho Pernambucano continua em boa forma, mas já não é o jogador mais importante do futuro heptacampeão francês. O cara agora se chama Benzema, um jovem meia francês que já recebe o maior salário do país – 1 milhão de reais mensais. Na Holanda, Afonso, não terminou o ano como artilheiro da Europa. Na Alemanha, Toni e Hibery são os principais jogadores do Bayern, bem à frente de Zé Roberto. Diego também não brilhou como no ano anterior pelo Werder. Na Rússia, o melhor time do ano é o Zenit, finalista da Copa da Uefa, e não o CSKA, repleto de brasileiros. Luis Fabiano pode até ter feito seus gols, mas não será capaz de levar o Sevilha à Liga dos Campeões.

Entre os melhores times do continente, só Robinho se destacou. Finalmente, consegue repetir na Espanha atuações que levaram a torcida santista a compará-lo com Pelé. Mesmo assim, não se pode dizer que é o grande jogador do Real Madri. A Inter de Milão, virtual campeã italiana, nunca foi muito aberta a brasileiros. Liverpool, Chelsea e Manchester, por fim, continuam como sempre foram: avessos a brasileiros.

Se o presente não é dos melhores, não se pode dizer que o futuro não reserva bons momentos para os brasileiros na Europa. Robinho, se firmou. Pato fez ótimas partidas. Anderson, amadureceu. Diego é pretendido pelos grandes. Luis Fabiano também. E até jogadores que saíram daqui longe dos holofotes, como o corinthiano Jô, despontam como bons nomes para os grandes do continente.