terça-feira, 27 de novembro de 2007

O preço de um ídolo


No dia 30 de março de 2001, o Boca Juniors vendeu Riquelme por US$ 22 milhões ao Barcelona. Em cinco anos de clube, o craque havia conquistado três campeonatos argentinos, uma Libertadores e um mundial. Depois dele, outros grandes jogadores passaram pelo Boca, como Tevez, Gago e Insúa, mas nenhum com o peso de Román.

Órfão de seu xodó, há anos o clube tenta de todas as formas repatria-lo, mas enfrenta dificuldades. Na tarde desta quarta-feira, dirigentes portenhos e do clube espanhol Villareal estiveram reunidos por sete horas e não chegaram a um acordo quanto à volta do camisa 10 à Bombonera. Já se falou até que o Boca teria de pagar US$ 15 milhões, mais uma dívida de 6 milhões de Euros que os espanhóis têm com o jogador.

O Boca, como sul-americano que é, não pode e nem quer pagar esse valor. Achou justo, porém, que o Barcelona pagasse o que pagou em 2001. É na hora de comprar que argentinos e brasileiros se dão conta de quanto vale um ídolo. De como o Boca é mais Boca com Riquelme em campo. Assim como o Flamengo era mais Flamengo com Zico, assim como o São Paulo tem a cara do Rogério Ceni.

Um ídolo não tem preço, mas os clubes daqui e do lado de lá da fronteira insistem em quantificá-lo. Não vêem como podem ganhar com os craques o mesmo que ganham os europeus. De como um camisa 10 de alta classe como Riquelme faz a diferença dentro de campo, mas também na bilheteria, na venda de camisas e de cotas de televisão.

Lulinha pode render 12,5 mi a empresário


A nova multa rescisória do Lulinha, do Corinthians, vale US$ 50 milhões. A negociação para renovação do contrato demorou porque o empresário do jogador, Wagner Ribeiro, queria 40% em uma negociação futura. Estranho como, mesmo com a Lei Pelé em vigor há sete anos, clubes e procuradores ainda agem como se o passe continuasse valendo.

Fatiam o jogador como se fosse pizza. E o Wagner Ribeiro ainda queria uma parte maior que a do próprio Corinthians. Pela proposta final, predominou certo bom senso, na medida do possível: 50% pro clube, 25% pro atleta e 25% pro empresário. Quer dizer que, se o Corinthians conseguir vender o recém-promovido aos profissionais Lulinha pela fortuna que está pedindo, Wagner Ribeiro leva US$ 12,5 milhões. É mole?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Empurra a sujeira pra lá


Muita gente se apressou em relacionar a morte de sete torcedores na Fonte Nova com a falta de condições de Salvador – e até do Brasil – de sediar a Copa do Mundo. Outros afirmaram que a análise era equivocada. Afinal, Salvador pretende construir outro estádio e problemas como esse já aconteceram até no Rio de Janeiro – cidade de antemão escolhida para receber a final da competição.

Uma questão, porém, tem que ser vista com mais cuidado. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, imediatamente lamentou o desastre e prestou condolências aos familiares. O procurador geral do STJD, Paulo Schmitt, afirmou que o Bahia pode perder o mando de campo por até dez jogos e ser multado em até 200 mil reais. O clube defende que não é proprietário da Fonte Nova e não pode ser responsabilizado. O governador do estado, Jacques Wagner, por sua vez, ordenou logo a interdição do estádio.

Acontece que a administração da Fonte Nova é de responsabilidade da Superintendência de Desporto do Estado da Bahia. Antes de ordenar a interdição, portanto, o governo deveria ter visto e corrigido as irregularidades. O Bahia, de acordo com o estatuto do torcedor, é, sim, responsável pela segurança do torcedor nos jogos em que é mandante. O mesmo estatuto determina ainda, em seu artigo 19, que as entidades organizadoras da competição e os seus dirigentes – no caso, a CBF e Ricardo Teixeira – também têm que responder pelo incidente.

Por enquanto, cada um empurra a sujeira pra baixo do tapete do vizinho. E na organização da Copa, em que os estádio vão ser construídos em parcerias de clubes, empresas e governos estaduais, de quem vai ser a culpa pelos problemas, pelos atrasos, pelos estouros do orçamento?

Meninas ficaram na mão



Longe de mim querer desconfiar da CBF, mas dá para acreditar numa entidade que não cumpriu nem a promessa divulgada em nota no dia 02 de outubro de pagar às heróicas jogadoras da seleção feminina premiação similar à dos pentacampeões de 2002 – US$ 150 mil?

Só com a bilheteria recorde de R$ 4,3 milhões do último jogo da seleção masculina contra o Uruguai no Morumbi, daria para pagar cerca de US$ 108 mil a cada atleta.

No último dia 12, em entrevista à revista Veja, Ricardo Teixeira, presidente da CBF, também garantiu que não vai haver dinheiro público na organização da Copa de 2014...