segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Pra que CPMI do futebol?


Os 105 deputados federais que caíram na conversa do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e desistiram em cima da hora de apoiar a criação da CPMI do futebol tiveram, sim, bons motivos. O primeiro deles é óbvio. Uma investigação agora poderia atrapalhar a indicação do Brasil como sede da Copa de 2014. Os concorrentes, afinal, eram numerosos e bem organizados. Outros motivos apontados por dois dos 105 deputados são ainda mais esclarecedores quanto à importância do sepultamento da CPMI.

“A CPMI, às vezes, não cumpre seu papel e serve apenas para dar espaço a alguns deputados que gostam de aparecer na mídia”, explicou o Pepe Vargas, do PT gaúcho, membro de três e suplente de outras três comissões na câmara federal.

O deputado Henrique Alves, do PMDB da Paraíba, foi ainda mais certeiro em sua análise. “Se fosse uma CPI ligada somente ao Corinthians não haveria problema, mas todos sabem que o assunto não iria parar por aí. Todo mundo sabe como uma CPI começa, mas ninguém sabe como termina. Temos mais de 500 jogadores atuando no exterior e, nesse tempo de organização de Copa do Mundo, poderiam descobrir coisas que não seriam muito boas”, argumentou o parlamentar à Gazeta Esportiva.

O que causa estranheza é a reação de seu colega Chico Alencar, do PSol do Rio de Janeiro, que garantiu que o fato de uma CPMI poder revelar muito mais do que assuntos referentes ao Corinthians reforçaria a necessidade de sua criação. E, por acaso, precisa de mais comissão para investigar o futebol brasileiro? A de 2001, da Nike, já não basta para mostrar que cartolas, dirigentes e empresários não têm nada a esconder?

Imagem: edição sobre charge do Mario Alberto