quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ispór, Ispór, Ispór!

A emoção que sobrou nas arquibancadas faltou dentro de campo na final da Copa do Brasil. Jogo de muitas faltas, mas poucos lances de gol. O Sport marcou dois quase sem querer, quando não havia dado nenhum chute sequer. O Corinthians, por sua vez, teve todo o segundo tempo para marcar unzinho e só chegou perto com Acosta, a dois minutos do fim.

Mesmo escalando errado, Nelsinho levou essa. Mesmo escalando certo, Mano deu o azar que não teve da última vez em que decidiu um título no Recife.

Dentro de campo, brilhou, sobretudo, a estrela do goleiro pernambucano Magrão, que fez pênalti, mas disfarçou bem. Contou, claro, com a incompetência de Acosta, que preferiu driblar a enfiar um catuto aos 43 do segundo tempo.

Enquanto isso, pela TV, Cléber Machado, ao narrar os gols do Sport, parecia anunciar gols da Argentina contra o Brasil em final de Copa do Mundo.

E como o Douglas faz falta ao Corinthians...
E como o Herrera faz falta pelo Corinthians...
E como tem pernambucano nos prédios vizinhos ao meu aqui em São Paulo! Não sei como vou dormir com tanto foguetório.

Do 1 ao 32

Quinze, 17, 20, 29, 32... A escalação do Corinthians na final da Copa do Brasil parece mais sorteio da Mega Sena. Bons tempos em que o lateral-direito era o camisa 2, o cabeça-de-área era o 5, o ponta-esquerda o 11.

Já imaginou o Silvio Luiz narrando esse jogo? "E foi, foi, foi, foi, foi ele: Fabinho camisa trinta-e-dois!"

terça-feira, 10 de junho de 2008

Coitado do juiz

Talvez pela primeira vez na história, telespectadores não sentiram ódio, raiva ou indignação com a atuação de um árbitro, mas pena. Aconteceu no jogo entre Marília e Ponte Preta, pela Série B. Ainda no primeiro tempo, o árbitro Eduardo César Coronado pisou num buraco e torceu o pé. Mesmo com muita dor, tentou voltar para o segundo tempo, mas teve que abandonar o jogo a 30 minutos do fim.

Além da dor causada pela suspeita de ruptura de tendão, chorou muito pela chance desperdiçada. “Depois de nove anos na CBF, sempre como quarto árbitro, recebo a primeira chance num campeonato nacional e tive que abandonar”, disse, aos prantos, em entrevista à reportagem. “Estou muito triste, mas tive que abandonar para não prejudicar a partida”.

Para completar o drama, o quarto árbitro Paulo Roberto Ferreira assumiu o apito e, no primeiro lance, marcou pênalti para o time da casa. E o fez bem.

sábado, 7 de junho de 2008

Graaaaande Venezuela!!!

A seleção perdeu pela primeira vez para a Venezuela porque Dunga tentou inventar no que não precisava e foi burocrático quando poderia ousar. Inventou uma defesa em linha, com apenas uma semana de treino, e tomou dois gols por péssimo posicionamento. Aí, quando precisava ousar para vencer o jogo no segundo tempo, foi conservador como sempre. Anderson estava bem. Josué entrou bem. Simplesmente não tinha porque pôr o Mineiro. Assim como não tinha porque pôr o Maicon.

O problema é que o Dunga, quando viu que o time não estava bem, voltou com aqueles que considera titulares. Não levou em conta o que estava acontecendo dentro de campo. Mineiro e Josué juntos, contra uma Venezuela completamente recuada, soa até como brincadeira. Os dois não precisam jogar sempre juntos, como uma dupla sertaneja. Para completar, aos 40 do segundo tempo Dunga pôs o Rafael Sóbis em campo, no lugar do Anderson. A cinco minutos do fim? E se era para tirar o Anderson, por que pôs o Mineiro?

Preocupante o fato de, com um estádio inteiro a favor, a equipe considerada titular pelo Dunga ficou com a bola o segundo tempo inteiro e nem levou perigo à meta venezuelana. Mas também a CBF não tinha nada que ter marcado um amistoso contra a Venezuela em Boston numa sexta-feira à noite. Bem feito.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Dinheiro na mão é vendaval

Os altos salários pagos aos jogadores estão dizimando o lucro dos principais clubes da Inglaterra, país com o campeonato mais rico do mundo. Matéria do Wall Street Journal revela que o Chelsea chega ao absurdo de pagar 263 milhões de dólares por ano a seus jogadores. O Manchester, campeão inglês e europeu, gasta “apenas” 180 milhões de dólares. Apenas o zagueirão Terry, do Chelsea, recebe 14 milhões de dólares por ano – o maior salário do país. A Alemanha, com salários muito menores, tem campeonato mais lucrativo. Foram 250 milhões de euros na temporada 2006/07, contra 141 milhões da liga inglesa. Boa administração, nesse ponto, vale mais do que rios de dinheiro. Lição para os clubes brasileiros.

domingo, 1 de junho de 2008

Nem a mãe Dinah


É simplesmente impossível fazer prognósticos antes do início do campeonato brasileiro. Passaram-se apenas quatro rodadas, mas seis times já trocaram de técnico e muitos começam a perder alguns de seus principais jogadores. O São Paulo não terá mais Adriano. O Sport perdeu Romerito. O Inter, considerado favorito, perdeu pontos bobos e Abel para o Catar. O Santos não tem mais Leão. O Botafogo ficou sem Cuca. Murici está na corda bamba no São Paulo. Luxemburgo cogitou sair do Palmeiras. Longe do troca-troca, o Cruzeiro desponta na tabela, mesmo sem grandes estrelas. Mas a bonança pode durar pouco. Marcelo Moreno também está de saída. E ainda faltam 34 rodadas.

Otoridade máuxima


A absurda e ridícula prisão do zagueiro botafoguense André Luiz levanta discussão sobre qual é, afinal, o papel da polícia nos estádios. Proteger jogadores e torcedores, ou fomentar confusões com atitudes truculentas? Invariavelmente, a truculência prevalece.

Despreparados para lidar com situações de conflito, mal treinados e mal equipados, não protegem quem deveriam proteger e tampouco punem os delinqüentes. Torcidas organizadas entram até com bombas nos estádios, ferem inocentes a cada rodada, e raramente alguém vai preso. Situação bem diferente da vivida pelo zagueiro André Luiz. Na hora de mostrar serviço para as câmeras, qualquer policial vira “otoridade máuxima”.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Romerito sangue de barata


Não adiantou Romerito bater o pé, chorar, viajar a Goiânia, apelar pra torcida. O Goiás não topou prorrogar o empréstimo do meia para que ele possa jogar a final da Copa do Brasil. Assim, o grande destaque do clube pernambucano está fora das finais. Como ele mesmo diz, roeu o osso e vai ficar de fora na hora de saborear o filé. Por mais que a diretoria do Sport não imaginasse que o clube chegaria à final do torneio, não podia ter dado a bobeira de acertar o empréstimo com término marcado para o meio de uma competição. Erro comum no Brasil. Até o São Paulo já ficou sem Ricardo Oliveira numa final de Libertadores.

A maior bobagem nesse episódio, porém, cabe à diretoria do Goiás. Romerito já não é mais um guri. Tem 33 anos e contrato com prazo de validade: dezembro de 2008. Com que vontade ele vai entrar em campo pra defender o Goiás no restante do Brasileiro depois de ser impedido de entrar em campo no maior jogo de sua carreira? Por mais que seja profissional, tem horas em que o coração bate mais forte. Faltou sensibilidade à diretoria do Goiás. Cada lance que o Romerito errar pelo clube goiano vai ser questionado. Estaria de corpo mole? Talvez não conscientemente. Mas ninguém tem sangue de barata.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Cai ou não cai?

Pergunta que não quer calar: Muricy Ramalho e Abel Braga resistirão à má fase de São Paulo e Inter? São os treinadores brasileiros mais respeitados dentro de seus clubes, mas enfrentam uma série de maus resultados. Apesar dos títulos e do prestígio, acho que não resistem a mais duas ou três rodadas de derrotas. Brasil é Brasil. A torcida cobra, os jornalistas se esquecem do mês passado e, aí, já viu. Será?

Seleção do Brasileirão

Segue abaixo uma seleção inusitada, que só é possível no futebol brasileiro. Após três rodadas do início do campeonato nacional, escalo a equipe de jogadores que vão deixar o país ao longo do torneio. São, inevitavelmente, os melhores atletas ou as grandes promessas dos clubes. Alguns já têm a saída assegurada, outros ainda não, mas pode crer: ninguém fica depois da metade do ano.

1- Renan, do Inter
2- Leonardo Moura, do Flamengo
3- Felipe Santana, do Figueirense
4- Henrique, do Palmeiras
5- Eduardo Costa, do Grêmio
6- Kleber, do Santos
7- Hernanes, do São Paulo
8- Ibson, do Flamengo
9- Marcelo Moreno, do Cruzeiro
10- Alex, do Inter
11- Adriano, do São Paulo

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Campeón


A vitória amarga do Santos sobre o América do México e a eliminação nos pênaltis do San Lorenzo frente à LDU abriram as portas para o Boca conquistar pela sétima vez a Copa Libertadores. O título colocaria os xeneizes como os maiores vencedores da história, ao lado dos conterrâneos do Independiente. Mais do que isso, o troféu marcaria a maior hegemonia de um clube numa única década na história do futebol sul-americano. O Boca já venceu quatro Libertadores desde 2000 e, se papar mais uma, passará o mesmo Independiente, que venceu quatro vezes nos anos 1970 - 1972, 1973, 1974, 1975.

Difícil imaginar que a atual geração do Boca forma a maior equipe da história do futebol sul-americano. Já gravaram seu nome no troféu formações lendárias como o Santos de Pelé, o Peñarol de Spencer e Pedro Rocha, o São Paulo de Raí, o Flamengo de Zico, o Independiente de Bochini. Apesar das constantes trocas no onze titular, a geração anos 2000 do Boca tem em Riquelme, Palácio, Palermo, Tevez, Schelotto e Gago seus principais nomes. Dentro de campo, nada espetacular. Fora dele, a mística da Bombonera.

A verdade, porém, é que o estádio sempre esteve lá. Está de pé desde 1940. Times competitivos e brigadores o Boca também sempre formou. O que pode diferenciar a geração atual das anteriores é a falta de concorrentes. Em 48 anos de história da Libertadores, Santos, Independiente, Peñarol, Olímpia, Colo-colo e Once Caldas já tiveram o prazer e a coragem de eliminar o Boca em finais ou semi-finais. Exceção feita ao valente Once Caldas, todos os outros têm o passado como aliado. Os tempos eram outros. Tempos em que uruguaios, paraguaios e chilenos assustavam.
Hoje, são raras as equipes que ousam quebrar a hegemonia brasileiro-argentina no torneio mais disputado do mundo. E a verdade verdadeira é que, se o Boca não tem um esquadrão, tem um time mais competitivo que os do lado de cá da fronteira – lotados de novatos esperando carimbar o passaporte para a Europa, ou de quem já voltou pra encerrar a carreira ou em busca de recuperação. O Palermo não é craque, mas joga mais que os centroavantes que temos por aqui. Assim como o Palácio. Assim como o Riquelme.

Além do mais, morremos de medo de enfrentar aquela camisa amarela e azul. Dos seis brasileiros que começaram a Libertadores desse ano, cinco ficaram pelo caminho. Só sobrou o Fluminense. Tomara que queime minha língua. Tomara que a surpreendente LDU e o América do Cabañas e do Ochoa me façam engolir as palavras. Mas, pela competência e pela falta de concorrentes, o Boca já é campeão.

Como vencer o Boca

Vale a pena ver essas imagens da vitória do Santos contra o Boca na final da Libertadores de 1963, na Bombonera. Basta um Pelé inspirado e um pouquinho de coragem.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Achômetro

Passaram-se apenas duas rodadas e muita gente se deu ao luxo de poupar titulares para escalar reservas que muitas vezes nem têm. Mesmo assim, vou me render à perigosa tarefa de tirar algumas conclusões. Uma certeza, pelo menos, já tenho. Quem não tem plantel não deveria brincar de poupar todos os titulares. Lá na frente pode custar caro.

Vão brigar pelo topo


Palmeiras e Cruzeiro são, sim, favoritos ao título. O Palmeiras tem como trunfo o comando de Luxemburgo. Depois de perder, e perder bem, em Curitiba, o verdão sacudiu a poeira e se recuperou em cima do também candidato Inter. No meio da semana, Luxemburgo afastou o indisciplinado Kleber – que por sinal fica só mais um mês – e apostou em Denílson. É o tipo de aposta que poucos fazem. E o resultado é daqueles que só dá certo com quem tem estrela. Denílson resolveu, enfim, atacar o adversário. Com ele bem, Luxemburgo é candidatíssimo a faturar seu sexto título nacional. O Cruzeiro também tem no banco seu grande trunfo. Adílson Batista não tem o currículo do palmeirense, mas também tem estrela. Montou o time com seu homens de confiança, também enfrentou problemas com o grupo no meio da semana, mas continua firme. Para continuar como favorito, só precisa encontrar um substituto para Marcelo Moreno, que dificilmente fica até o final do ano.

Favoritos, pero no mucho

Inter e Fluminense têm que abrir o olho se pretendem, realmente, reconquistar o Brasil depois de quase três décadas. O colorado tem o desconto de ter enfrentado o Palmeiras fora de casa, mas demonstra enorme dificuldade de vencer longe de Porto Alegre. Esse ano, perdeu todos seus jogos importantes: Paraná, Juventude, Sport e Palmeiras. Nilmar ainda não se encontrou e Fernandão está mais instável que de costume. Já o Fluminense se deu ao luxo de escalar a gurizada nos dois primeiros jogos. Empatou com o fraco Atlético e perdeu em casa pro Náutico. Renato Gaúcho aposta muito na Libertadores e chegou a comemorar a derrota no Morumbi. Sei não. Derrota é sempre derrota. E o excesso de confiança pode custar caro. Tanto na Libertadores, quanto no Brasileiro.

Encardidos

Não vai ser fácil ganhar de Flamengo, Grêmio e São Paulo esse ano. O rubro-negro se recupera bem da humilhante eliminação na Libertadores e vem somando pontos importantes. O Grêmio teve a sequência mais difícil até agora e ainda não sofreu gols: derrotou o São Paulo e empatou com o Flamengo. Já o São Paulo mostrou que não está tão mal de elenco assim. Mesmo com o time reserva, quase venceu o Atlético Paranaense, com Júnior, Juninho e Joílson novamente jogando bem. Vão incomodar.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Acosta vale mais que Palermo?

A explicação de que o Boca tem sucesso em torneios internacionais por causa do dinheiro em caixa foi por água abaixo depois que o clube revelou o salário de seu artilheiro Palermo. O maior goleador da história do clube recebe 140 mil mensais.

Dezenas de jogadores que atuam no futebol brasileiro recebem salários superiores ao do centroavante argentino e nem de longe dão o mesmo retorno em campo. Caso do atacante uruguaio Acosta, do Corinthians, que ganha 150 mil mensais. O Roger ganhou em média 40 mil cada vez que entrou em campo pelo Flamengo ano passado.

Falta de dinheiro, não canso de destacar, não é a única nem a principal explicação para a penúria futebolística e financeira de muitos clubes brasileiros. Falta, isso sim, competência na hora de contratar, de dirigir e de pagar as contas.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Boca sempre Boca

Afinal, os brasileiros não conseguem ganhar do Boca porque jogam menos, ou por que têm medinho?
Já são 11 derrotas seguidas em mata-matas. Afinal, Caranta, Dátolo, Riquelme e Palermo podem até ser eficientes, mas não são de outro mundo...
Sobre o tema, vale ler um post do blog do Garambone, que reproduzo abaixo:

Ilmo Sr. Presidente da Conmebol, Nicolas Leoz

Viemos por meio desta rogar por um adendo no regulamento da Copa Libertadores da América. Mesmo discordando do item que prevê mecanismos para evitar uma final entre times do mesmo país, achamos que um outro item pode ser adicionado a este quesito. Já que desde 1963, na final contra o Santos, o ilustríssimo clube Boca Juniors não perde para times brasileiros em mata-matas, solicitamos que seja proibido, para sempre, confrontos deste tipo. Perdeu a graça. Neste caminho tortuoso e sofrido do futebol pentacampeão do mundo, sofreram Flamengo, Corinthians, Paysandu, Palmeiras, Vasco... e tantos outros, que agora têm a companhia do Cruzeiro, somando-se assim 11 disputas “mano a mano” vencidas pelo popular time azul-amarelo de Buenos Aires. Longe de pedirmos a mesma coisa para River Plate, Estudiantes, San Lorenzo, Independiente ou qualquer outra agremiação argentina. O problema em questão, senhor presidente, é o Boca.
Atenciosamente,
Um montão de torcedores brasileiros.

Ninguém dá topada porque quer


Os olhos vermelhos e a voz vacilante do Joel Santana na coletiva depois da derrota histórica para o América representam bem o que foi a noite de ontem para o Flamengo. “Ninguém bate o carro porque quer, ninguém dá topada porque quer. Tem coisas que simplesmente acontecem”, afirmou o novo treinador da África do Sul. A verdade é que algumas tragédias parecem realmente inevitáveis.

Assim que o juiz apitou o fim da partida, todo comentarista esportivo já tinha na ponta da língua uma explicação para o fracasso. Era óbvio. Fizeram festa pro Joel. Os dirigentes invadiram o campo. Menosprezaram o América. O Flamengo não tem meio-campo. Não poderia ter partido pra cima dos mexicanos. O Souza não faz gol. O Toró só faz faltas. O Ibson faz tempo que não joga. O Caio Júnior é um tremendo pé-frio.

Tudo isso pode ser verdade. Mas comentar depois é muito fácil. Assim como hoje é muito claro que o Brasil só poderia ter perdido para o Uruguai em 1950, só não viu quem não quis. Assim como é evidente que a seleção feminina de vôlei não tinha como ganhar da Rússia nas Olimpíadas depois de abrir 24 a 19, assim como é óbvio que o Botafogo iria abrir as pernas para o River depois de fazer 2 a 1 fora de casa na sul-americana do ano passado.

Tudo é muito óbvio e todo mundo fez tudo errado. Só não viu quem é cego. O Flamengo não tem meio, não tem banco, e vai se dar mal no Brasileiro. O Caio Júnior não vai ter pulso para administrar a crise. Os salários vão atrasar. O Flamengo vai fazer o mesmo papelão que vem fazendo nos últimos 15 anos no campeonato nacional. No meio de tantas certezas, eu ainda fico com a do Joel. “O que tinha ser feito, a gente fez. Mas futebol é assim”.

A culpa, nessas horas, está muito mais na ansiedade de jogadores mal-acostumados a jogar decisões e de uma torcida e um time sedento por títulos importantes que rarearam nas estantes da Gávea. A derrota e o fracasso estavam, durante todo o jogo, nos piores pensamentos de cada um dos jogadores do Flamengo. Fracassaram pelo mesmo motivo que a Mari errou cinco ataques seguidos no quarto set contra a Rússia. Não é que a Mari não tenha treinado. Acontece que não estava acostumada a uma competição daquele nível e tinha o país inteiro nos ombros. Quando viu que o sucesso batia à porta, fracassou. Assim como o Bruno, o Léo Moura, o Souza. Ninguém dá topada porque quer. E não adianta culpar até o Caio Júnior.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Seleção de 2008

Abaixo a minha seleção dos melhores jogadores desses primeiros quatros meses de 2008 no Brasil. Vale atuações pelos estaduais, Libertadores e Copa do Brasil. E a sua, qual é?

1- Wilson, do Figueirense
2- Leonardo Moura, do Flamengo
3- Thiago Silva, do Fluminense
4- Henrique, do Palmeiras
5- Pierre, do Palmeiras
6- André Santos, do Corinthians
7- Guiñazu, do Inter
8- Tiago Neves, do Fluminense
9- Obina, do Flamengo
10- Valdívia, do Palmeiras
11- Marcelo Moreno, do Cruzeiro

Técnico: Joel Santana

domingo, 4 de maio de 2008

He belongs to Jesus

Lula, Roger Agnelli, Ivete Sangalo, José Serra, José Padilha, Wagner Moura, Ronaldo, Gisele Bündchen, Henrique Meirelles, Luciano Coutinho, Rogério Ceni, Silvio Santos. Todos influenciam mais meu dia-a-dia do que Kaká, escolhido pela revista Time como o brasileiro mais influente da atualidade. Ótimo jogador e bom caráter, Kaká tem carreira irrepreensível. Daí a figurar na lista da influente revista americana, vai uma distância enorme.

A ressaca dos campeões


Flamengo, Palmeiras, Inter, Coritiba, Cruzeiro, Figueirense e Itumbiara começam a semana como campeões estaduais. Zebra, zebra, só em Goiás. No mais, imaginava-se que o Juventude pudesse surpreender o Inter mais uma vez e que o Botafogo se aproveitasse do cansaço do Flamengo para vencer o segundo jogo e conquistar o título. Mas não deu.

Agora, passada a festa do título, esses clubes ganham ânimo extra para os próximos torneios. O Flamengo continua em grande forma. Joga como há muito tempo não fazia. Parece até o grande time dos anos 1980. Já está nas quartas da Libertadores e, de bem com a torcida, é finalmente favorito para o título brasileiro. O maior trunfo do time, porém, pode se transformar em problema. Ao contrário do time campeão do mundo, o grupo atual não tem um grande craque, o camisa 10 incontestável. Ganha no conjunto. Contar apenas com os gols do Obina, com raros lampejos do Renato Augusto e com a velocidade dos laterais pode ser pouco para satisfazer a expectativa de sua enorme torcida.

O Cruzeiro, campeão estadual que joga a Libertadores, tem jogadores rápidos, de pegada e bons de bola, mas inexperientes. Acovardaram-se na Bombonera e precisam provar que podem enfrentar clubes como o Boca com a mesma fibra que demonstraram contra o galo.

O Palmeiras, se mantiver o Valdívia, reaparece como o melhor time de São Paulo depois de quase uma década. O mais importante do título estadual é acabar com o estigma de time pequeno que já começava a tomar conta dos corredores do Parque Antártica. Quanto a Luxemburgo, gostem ou não, o homem tem o toque de Midas.

No sul, o Inter humilhou o Juventude, com volta por cima do ídolo Fernandão, e desponta como favorito para qualquer torneio que disputar. Falta só o Nilmar jogar o que dele se espera. Figueirense e Coritiba, apesar, dos títulos, vão ter que contratar, e bem, para fazer um papel intermediário no torneio. O coxa não pode se dar ao luxo de perder o Keirrison.

O figueira, por sua vez, tem que decidir se Gallo é o homem certo para levar o clube a mais uma boa campanha no nacional. E, para variar, tem que encontrar um centroavante que decida. Um homem gol fez muita falta na sofrida decisão contra o Criciúma. Edu Sales não é o cara. Já não era no Coritiba e não será no Brasileirão. Outro problema é depender excessivamente de jogadores instáveis como Fernandes e Cleiton Xavier.

Já em Goiás, que semana do alviverde...

Inimigo da sorte


Após mais uma derrota, o técnico botafoguense Cuca pediu desculpas a seu torcedor, garantiu que ninguém amarelou e afirmou que os jogadores chegaram a seu limite. Exausto, cabisbaixo e com a voz triste, lamentou perder um jogo que estava na mão. Mais um jogo. Essa é a sina do Botafogo. E também a do Cuca. Nenhum treinador brasileiro tem tanto a ver com seu clube. Tanto na vitória quanto na derrota, Cuca é a cara do Botafogo.

Um dos melhores treinadores da tal “nova geração”, Cuca simplesmente não consegue conquistar títulos. Essa sina parecia cravada em seu destino desde sua primeira decisão. Dessa eu me lembro bem. O dia era 25 de julho de 1999 e o Avaí, time do Cuca, jogava por um empate no Orlando Scarpelli para conquistar o estadual pela décima quarta vez. A classificação para a final havia sido histórica, com uma vitória sofrida em Criciúma, num jogo em que o Avaí tinha apenas três jogadores no banco. Depois da lamacenta vitória, enquanto peitava seus jogadores, o iniciante Cuca garantiu que “um time com onze machos não precisa de mais ninguém”.

Na final, porém, o vibrante treinador não conseguiu evitar a derrota. Que foi contestada, com gol anulado aos dez minutos do segundo tempo da prorrogação. Após o apito final, com a torcida alvejada por balas de borracha, Cuca não disse nada aos repórteres. Caminhou sozinho para o vestiário, afundou a cabeça entre as mãos e chorou. Como o futebol é injusto, Cuca vem chorando até hoje. Mas injustiça tem limite. Além de batalhador e exímio motivador, Cuca conhece tática e arma ótimos e ofensivos times com o grupo que lhe entregam.

Europa sem brasileiros

O rolo de Ronaldo com os travestis no Rio de Janeiro representa mais que um episódio esquisito e lamentável de sua carreira, simboliza o fim de uma temporada muito ruim para os brasileiros que jogam na Europa. Temporada que, aliás, ainda não terminou, mas que não reserva surpresas para nossos conterrâneos. Dos clubes com chances reais de serem campeões, nenhum deles tem um brasileiro como seu principal destaque.

Os mais famosos, principalmente, não renderam o que deles se esperava. Kaká, o melhor do mundo, combalido por lesões, não foi capaz de levar o Milan a mais uma boa campanha na Liga dos Campeões – já que o italiano começou perdido. Ronaldinho parece simplesmente ter perdido a vontade de jogar e encantar. Ronaldo, coitado, continua perseguido por lesões e parece ter cada vez menos paciência para dar a volta por cima.

No segundo escalão, os brasileiros também não foram tão decisivos quanto em anos anteriores. No Lyon, Juninho Pernambucano continua em boa forma, mas já não é o jogador mais importante do futuro heptacampeão francês. O cara agora se chama Benzema, um jovem meia francês que já recebe o maior salário do país – 1 milhão de reais mensais. Na Holanda, Afonso, não terminou o ano como artilheiro da Europa. Na Alemanha, Toni e Hibery são os principais jogadores do Bayern, bem à frente de Zé Roberto. Diego também não brilhou como no ano anterior pelo Werder. Na Rússia, o melhor time do ano é o Zenit, finalista da Copa da Uefa, e não o CSKA, repleto de brasileiros. Luis Fabiano pode até ter feito seus gols, mas não será capaz de levar o Sevilha à Liga dos Campeões.

Entre os melhores times do continente, só Robinho se destacou. Finalmente, consegue repetir na Espanha atuações que levaram a torcida santista a compará-lo com Pelé. Mesmo assim, não se pode dizer que é o grande jogador do Real Madri. A Inter de Milão, virtual campeã italiana, nunca foi muito aberta a brasileiros. Liverpool, Chelsea e Manchester, por fim, continuam como sempre foram: avessos a brasileiros.

Se o presente não é dos melhores, não se pode dizer que o futuro não reserva bons momentos para os brasileiros na Europa. Robinho, se firmou. Pato fez ótimas partidas. Anderson, amadureceu. Diego é pretendido pelos grandes. Luis Fabiano também. E até jogadores que saíram daqui longe dos holofotes, como o corinthiano Jô, despontam como bons nomes para os grandes do continente.

domingo, 20 de abril de 2008

Ótima entrevista do ex-jogador Romário

Vale a pena dar uma olhada na entrevista que Romário concedeu a oito jornalistas e comentaristas do canal Sportv. Em mais de uma hora de bate-papo, o agora oficialmente ex-jogador garante que Ricardo Teixeira exigiu sua convocação para o jogo contra o Uruguai, em 1993, afirmou que os jogadores estão cada vez mais programados e não falam o que têm vontade, e disse que ainda não sabe exatamente qual será sua função no comitê organizador da Copa 2014.

Abaixo, algumas das declarações do baixinho. Clique aqui para ver trechos da entrevista. Para assistir todo o programa, ligue no Sportv, hoje, às 21h10.

"O futebol mudou muito. Não só falta irreverência, como um monte de coisa. Os jogadores hoje são muito programados. Eles têm vontade de fazer ou falar alguma coisa e deixam de fazer por que são cercados por agentes, advogados, assessores de imprensa. E dentro de campo, aquele futebol alegre que eu sempre admirei, acabou."

"Eu só fui convocado para o jogo contra o Uruguai no Maracanã em 1993 porque o Ricardo Teixeira mandou me convocar."

"Eu queria parar cedo, aos 28, mas minha preocupação era não me arrastar em campo. Muitos acham que eu devia ter parado antes, mas ainda me sentia bem"

Meninas têm que ganhar dentro e fora de campo

A seleção feminina enfiou cinco gols na frágil equipe de Gana e garantiu vaga nas Olimpíadas pela quarta vez consecutiva. Mais do que nunca, vai pra ganhar. Cristiane, Marta e companhia dão espetáculo toda vez que entram em campo com a amarelinha.

O que é digno de indignação, mas que acabou passando despercebido, foram as declarações dadas pelas atletas na sexta-feira, um dia antes da partida decisiva. Afirmaram que encaravam o jogo como o mais importante de suas carreiras porque uma derrota poderia até decretar a morte do futebol feminino brasileiro. Não entraram em campo preocupadas em assegurar vaga em Pequim, mas em garantir seus empregos no Brasil e em abrir espaço para milhares de meninas que sonham um dia chegar à seleção.

Já passou da hora de a CBF se preocupar realmente com a modalidade. As jogadoras não podem entrar em campo com todo esse peso nas costas. Não é saudável que se sintam na responsabilidade de fazer gols para garantir o futuro do futebol feminino. Esse papel não cabe a elas. Ou pelo menos não deveria.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Silas

O site pele.net publicou interessante entrevista com o ex-jogador Silas, hoje técnico do Avaí. Silas falou de seu tempo de jogador e do início da carreira como treinador. Dos tempos de dentro do gramado, lembra com especial carinho de sua passagem pelo San Lorenzo, de Buenos Aires. Em 1995, Silas levou o clube ao título depois de 22 anos e ainda foi escolhido o melhor jogador do torneio, à frente de Maradona.

Além da Argentina, ele jogou ainda na Itália, no Japão e foi comandado por treinadores como Telê Santana e Marcelo Lippi. Agora, Silas garante que essa experiência pode ser importante em sua nova função.

A julgar pelos primeiros jogos dirigindo o Avaí, a bagagem pode fazer realmente a diferença. O clube joga com defesa bem postada e laterais muito preocupados com a marcação, no melhor estilo italiano. O meio-campo tem habilidade, mas joga sem firulas, como exigia o mestre Telê. Da escola argentina, vêm o toque rápido e a velocidade.

Por enquanto, só pontos positivos, portanto. É bom lembrar que essas escolas também são tradicionais pela retranca e pela catimba, que por enquanto passam longe da Ressacada.
Quem quiser conferir a entrevista completa do Silas, é só clicar aqui.

Adidas na seleção


A revista Exame noticiou essa semana que a Adidas ofereceu 60 milhões de dólares por ano para vestir a seleção brasileira de futebol. Atualmente, a CBF tem contrato com a Nike e recebe "apenas" 22 milhões por ano. A oferta seria uma tentativa de vingança pela Nike ter acertado contrato de mesmo valor com a seleção francesa - antes patrocinada pela Adidas.

A oferta teria o poder de, no mínimo, inflacionar os custos da Nike. Com 66 milhões de dólares por ano na conta dá para investir pesado em categorias de base, campeonatos femininos, federações estaduais e ainda montar uma forte comissão organizadora da Copa 2014 sem depender de dinheiro público, não dá não?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

R$ 15 mil para ouvir o Furacão

Comunicado postado no site do Atlético Paranaense pode dar início a uma revolução no futebol brasileiro:

“O CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE (CAP), no legítimo exercício de seus direitos, comunica às emissoras de rádio, em todo o território nacional, que, a partir de 10 de maio de 2008, data de início do Campeonato Brasileiro 2008 ("Brasileirão 2008"), a transmissão radiofônica de partidas de futebol das quais o CAP participe, na condição de mandante ou não, será objeto de contrapartida financeira, sendo R$ 15.000,00 (quinze mil reais) o preço por partida e R$ 456.000,00 (quatrocentos e cinqüenta e seis mil reais) o preço pelo pacote, contendo os 38 (trinta e oito) jogos do clube.

Informamos que a cobrança pela cessão - não exclusiva - dos direitos de transmissão radiofônica de partidas de futebol do CAP não se aplica a flagrantes do evento, mas à transmissão integral, tudo em respeito ao direito de acesso à informação e liberdade de imprensa. Esclarecemos ainda que o presente comunicado não se aplica às partidas de campeonatos de futebol em andamento, as quais somente estarão sujeitas às novas regras nas próximas edições.”

Quer dizer que, para transmitir um jogo do Figueirense com o Atlético Paranaense, realizado no estádio Orlando Scarpelli, a CBN ou a Guarujá, rádios de Florianópolis, vão ter que pagar R$ 15 mil. Se não pagar, não tem jogo no radinho de pilha. E vai ser assim em todo o Brasil. Pode ser uma tentativa exagerada de tentar faturar mais uns milhões, mas pode ser o início de uma tendência.

Não estranhem se, em breve, o Clube dos 13 se unir e decidir negociar pacotes de transmissão para o Brasileirão. Bom para os clubes, ruim para as rádios, péssimo para os torcedores. As rádios continuam sendo uma forma de fugir da ditadura da TV Globo e são, para muitos fanáticos, a única forma de acompanhar seus clubes onde quer que joguem.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Chelsea x Libertad


O dia de ontem foi simbólico para quem gosta de bom futebol. No jogo mais comentado da semana, o burocrático Chelsea venceu o medroso Fernehbace numa pelada não condizente com o glamour que cerca as quartas-de-final de uma Champions League. Não foi uma partida muito fora da média dos jogos da temporada européia. Estádios lotados, milhões em campo, transmissão para centenas de países, muita pompa, futebol sem sal.

À noite, um alento para os amantes do bom e velho ludopédio. Num Defensores Del Chaco deserto, por um torneio desvalorizado como a Libertadores, o inexpressivo Libertad derrotou o pouco comentado LDU. E foi um jogo muito melhor que o de Londres. Belos gols, grandes dribles e muito simbolismo. Veja só: no estádio batizado com a alma do judiado povo paraguaio, por um torneio que clama pelos mais justos anseios sul-americanos, o Libertad saiu vitorioso.

Dinheiro, glamour e oba-oba ainda não são tudo nesse esporte. Porque no mítico estádio paraguaio, o desvalorizado Cuevas faz um gol de maestria inimaginável pelo aclamado Lampard. A arte, enfim, resiste aos cartolas, aos dólares e ao desprezo dos próprios torcedores. O triste é que, nessa terça-feira, Assunção teve, com certeza, mais fanáticos pelo Chelsea que pelo Libertad.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Até tu, São Paulo?

Nem o super-organizado São Paulo consegue bons resultados com elenco recheado de brigões e arruaceiros. Ao contrário dos últimos anos, o clube arriscou com jogadores de ficha corrida extensa, como Adriano, Carlos Alberto e Fábio Santos.

Como se tratava do São Paulo, ninguém se atreveu a criticar. No máximo, comentaristas e especialistas de plantão achavam a estratégia “arriscada”. E deu no que deu. Como se fosse um time brasileiro qualquer. Como se não fosse o clube que a torcida e a diretoria imaginam.

As briguinhas e bebedeiras continuaram até mesmo no sagrado Morumbi. Adriano, mesmo longe do que foi e tenta voltar a ser, até vem resolvendo alguns jogos com gols feios e truculentos, vá lá. Mas os outros dois... Carlos Alberto faz tempo que não joga. E quem é Fábio Santos mesmo?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Justiça seja feita

Pelo post de sábado fica até parecendo que não gosto do Ronaldinho. Nada disso. O considero quase um gênio. Um craque com lances simplesmente mágicos em 10 anos de carreira. Pra equilibrar a balança, dá uma olhada nesse vídeo com os 10 gols mais bonitos do dentuço. Cada obra prima...

Mico dos estaduais

Sabe o Ipatinga, aquele time sensação que conquistou dois acessos seguidos nas séries A e B e chegou por duas vezes à final do campeonato estadual? Caiu para a segundona de Minas. Venceu apenas três partidas no torneio e ano que vem se juntará a clubes tradicionais, como o América Mineiro, e outros de passado nem tão glorioso, como o União Luziense.

Para o treinador Moacir Júnior, o fracasso é culpa de um planejamento equivocado. A diretoria focou o brasileirão da série A e decidiu usar o estadual como uma espécie de laboratório. Deu no que deu. Clubes como o Figueirense já aprenderam que atestado de preparação bem feita é o título estadual. Clube nenhum pode desprezar a importância dos torneios regionais. Muito menos o Ipatinga.

sábado, 5 de abril de 2008

Vale ou não vale?


Acredito que nem o próprio Ronaldinho entenda muito bem o momento atual de sua carreira. Milionário, duas vezes melhor do mundo e ídolo de um dos maiores clubes do planeta, o gaúcho simplesmente deixou de jogar, de treinar, de se interessar, enfim. Usa há meses uma contusão no músculo adutor da perna direita para faltar a treinos e, segundo diários catalães, se esbaldar em festas. Isso tudo no momento em que o Barca tem grandes chances de passar às semi-finais da Liga dos Campeões e ainda corre atrás do título espanhol.

Mas Ronaldinho cansou. O astro simplesmente não sente mais motivação em jogar pelo Barcelona. Assim como não sente mais tesão em defender a seleção. Chegou ao auge da carreira, do dinheiro, da consagração, e cansou. Não deixa de ser compreensível. O cara está há mais de 10 anos esbanjando talento em Bagé, em Paris, em Bilbao, em Londres. Uma hora cansa.

Cansado também está o Barcelona. O clube tem plantel tão qualificado que se dá ao luxo de vencer e convencer sem Ronaldinho e Messi. E já não vê necessidade de pagar o salário astronômico que o craque recebe – cerca de 2 milhões de reais por mês. A ameaça do irmão e empresário do brasileiro, de recorrer ao artigo 17 do código de transferências da Fifa, nesse contexto, soa quase como alívio. A multa rescisória de Ronaldinho foi estipulada em 125 milhões de euros, num contrato que vai até 2010. O tal código 17, por sua vez, determina que todo jogador que cumpra três anos de contrato pode pagar o que teria a receber em salários e mais uma porcentagem do que custou e cair fora. Ronaldinho, portanto, está disponível por 16 milhões de euros.

Mixaria para o que pode jogar. Uma fortuna, porém, para o que demonstra querer jogar. E tomara que o dentuço me faça engolir essa frase.

Seguro contra cartolas


Do Máquina do Esporte:

A Fifa decidiu fazer um seguro contra qualquer merda que possa dar na Copa de 2010. Com receio de que os sul-africanos não consigam realizar o torneio, a entidade depositou R$ 1,3 bilhão como prevenção.

As seguradoras tradicionais se negaram a fechar acordo com a Fifa por avaliarem que há grande risco de o mundial não se realizar. Para as próximas Copas, a entidade estuda a possibilidade de obrigar os próprios comitês organizadores a garantirem a realização das competições.

E a próxima Copa, não custa lembrar, vai ser no Brasil...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O futebol, a sociedade e o Luís Fabiano

Esse Luís Fabiano é um cara engraçado. Além de um dos maiores artilheiros da história do São Paulo, com 118 gols, é o atual goleador do campeonato espanhol, com 22, e, até semana passada, era o camisa 9 da seleção brasileira.

Em dez dias, porém, conseguiu dar três declarações que demonstram uma certa ingenuidade e boa dose de ignorância. Já discuti com muita gente por aí e continuo com minha opinião: jogador tem que ser esperto, inteligente, antenado. Os que não são, exceto se forem realmente geniais, acabam ficando pra trás.

Pois o Luís Fabiano disse, antes do jogo contra a Suécia, que não conhecia nenhum jogador campeão mundial em 1958; revelou, em entrevista à Placar desse mês, que não dá bola para as tradições e costumes dos lugares onde vive; e, à mesma revista, garantiu em tom meio insolente que no Brasil jogaria até quase 40 anos porque aqui os marcadores andam em campo.

Fora o absurdo óbvio de um centroavante da seleção não conhecer caras como Pelé e Garrincha, ele realmente acredita que os zagueiros do Levante são mais casca-grossa que os do Grêmio ou do Palmeiras. Nada mais natural pra quem não se interessa pela cultura dos países em que vive.

O futebol reflete, como poucas atividades, os hábitos dos povos. Caso se interessasse por questões como essa, o Luís Fabiano saberia que os zagueiros espanhóis, por mais que sejam europeus, são mais molengas que pudim.

E você, o que acha? Jogador de futebol tem ou não que ser antenado dentro e fora de campo?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Dinheiro não traz felicidade...

Pra montar uma grande equipe, não basta grana no banco. O Chelsea, da Inglaterra, gastou mais de 800 milhões de reais em contratações para quatro temporadas e não faturou um torneio continental sequer. Realizou façanhas. Pagou, por exemplo, 25 milhões de reais para contratar o lateral esquerdo espanhol Del Horno, que não joga mais bola que o Triguinho, hoje no Botafogo.

Com quatro jogadores – Lampard, Terry, Shevchenko e Ballack – entre os dez mais bem pagos do mundo, os londrinos podem bater mais uma vez na trave esse ano. Perderam hoje para o Fenerbahce, equipe turca treinada pelo Zico. E olha só que coisa. A base do time é formada por jogadores que saem do Brasil a preço de banana.

Entre os titulares, estavam o Lugano, o Edu Dracena, o Maldonado, o Alex (aquele...) e o Deivid. É uma comparação meio boba, mas leva a gente a pensar. Excesso de grana não serve pra explicar o sucesso, nem pra justificar o fracasso.

....mas ajuda a comprar

Dá uma olhada na lista dos dez jogadores mais bem pagos do mundo, de acordo com a revista americana Sports Illustrated. Não sei quanto a vocês, mas acho que, tirando o Kaká, o Cristiano Ronaldo e o Henry, ninguém merece estar ali pelo que vem jogando.

Confira os dez primeiros da lista:
1. Kaká (Milan): $14.9 milhões
2. Ronaldinho (Barcelona): $14.1 milhões
3. Frank Lampard (Chelsea): $13.5 milhões
4. John Terry (Chelsea): $13.5 milhões
5. Fernando Torres (Liverpool): $13.1 milhões
6. Andriy Shevchenko (Chelsea): $12.9 milhões
7. Michael Ballack (Chelsea): $12.9 milhões
8. Cristiano Ronaldo (Manchester United): $12.7 milhões
9. Thierry Henry (FC Barcelona): $12.7 milhões
10. Steven Gerrard (Liverpool): $12.7 milhões

segunda-feira, 31 de março de 2008

Avaí x Figueirense

Apesar do atraso, não poderia deixar de comentar o clássico Avaí x Figueirense deste domingo. Como estou em São Paulo, sem rádio e sem internet, não pude acompanhar o jogo de perto. Ouvi algumas partes pelo telefone, com minha mãe do outro lado da linha com o rádio a todo volume. Mesmo assim, me permito dar uns pitecos:

- Após nove anos sem vencer o Figueirense no Scarpelli, o Avaí venceu no estilo avaiano de ser: seguro na defesa e esperto no ataque. Não entrou em campo de salto alto, como fez no primeiro turno.

- Mando de campo não vale nada nesse campeonato. O Avaí, por exemplo, que sempre teve grandes dificuldades ao cruzar a ponte, decidiu encarar os adversários com cabeça erguida dentro e fora de casa e vem se dando bem.

- Não dá para encarar um jogo decisivo como se encara uma partida qualquer. O Figueirense precisou de duas chacoalhadas para perceber isso. O Avaí jogou o primeiro clássico como quem enfrenta o Juventus e também aprendeu na marra.

- Jogador sem ritmo de jogo não funciona em clássico, a não ser que se chame Fernandes.

- O goleiro do Figueirense também falha, sim, nas horas decisivas.

- Não é de nome, mas de postura, que se fazem os grandes treinadores.

- O Figueirense engrenou no primeiro turno após o clássico. Mas isso não significa que o Avaí vai fazer o mesmo. Fé em Deus e pé na tábua.

- Tabus existem para serem quebrados.

- Fica muito esquisito o Scarpelli sem aquela turma de azul ali no cantinho.

- Alguém já viu o Fernandes decidir um clássico e mandar a torcida do Avaí calar a boca?

- O Criciúma que me desculpe, mas esse campeonato tem que ter um Avaí e Figueira na final. É a chance da revanche prum lado, e da confirmação pro outro.

Oito ou oitenta

E não é que Eurico Miranda resolveu contratar pela sexta vez o supersticioso Antônio Lopes para comandar o Vasco? A atitude do presidente vascaíno é muito parecida à da diretoria do Grêmio, que voltou a contratar Celso Roth, pela terceira vez à frente do tricolor gaúcho.

Os dois clubes apostaram errado em técnicos novatos e, para não errar de novo, trouxeram dois velhos conhecidos da torcida. Fica com aquela cara de que apostar no novo não dá resultado. E não é bem por aí. O Grêmio ainda trouxe um nome com bons resultados em seu início de carreira, mas sem respaldo junto à torcida, jogadores e diretoria. O Vasco contratou um treinador com péssima passagem pelo Avaí, quando quase foi rebaixado para a Série C do brasileirão.

Apostaram nas pessoas erradas em momentos errados. Com a contratação de Roth e Lopes, fica parecendo que o erro foi apostar em novatos. Resta saber que inovações esperam com duas figurinhas mais do que gastas.

quinta-feira, 27 de março de 2008

As zebras sumiram

Uma olhada na tabela de classificação dos principais campeonatos estaduais do Brasil mostra uma situação inusitada. As tradicionais zebras simplesmente não deram as caras esse ano. No principal torneio, o paulistão, Ponte Preta e Guaratinguetá ainda estão no páreo, mas com aquele jeitão de cavalo paraguaio. Palmeiras, São Paulo e Santos estão em alta e devem atropelar na reta final.

No Rio de Janeiro, o Flamengo faturou a Taça Guanabara e os quatro grandes estão sobrando no returno. E olha que dois deles estão dividindo a atenção com a Libertadores, coisa que há muito tempo não acontecia.

No Sul, não tem pra ninguém. No Rio Grande, Grêmio e Inter dominaram com folgas a primeira fase e não deram espaço para os clubes da serra. Em Santa Catarina, onde a Chapecoense e o Atlético de Ibirama disputaram finais recentes, esse ano vai dar Figueira, talvez Criciúma, no máximo, Avaí. Um pouco mais em cima, no Paraná, Coxa e Atlético também mandam na classificação.

Em Goiás, a melhor campanha é do Goiás; na Bahia, do Bahia; em Pernambuco, do Sport. Apenas em Minas Gerais o líder não é um dos grandes, o heróico Tupi, de Juiz de Fora. Mesmo assim, o Cruzeira está em sua cola, um pontinho atrás.

Talvez seja apenas um ano atípico e de pouca sorte para os pequenos. Mas pode ser uma tendência com uma explicação bem óbvia. O calendário do futebol brasileiro é cada vez mais injusto com quem não disputa a série A ou a B. Está difícil até para os clubes do rico interior paulista montarem equipes competitivas para jogar por três meses e passar o resto do ano parados ou disputando torneiozinhos de faz-de-conta.

segunda-feira, 24 de março de 2008

A legislação não tem culpa (mas alguém tem)


A Lei Pelé completou hoje dez anos de vida sem trazer grandes alterações à realidade do futebol brasileiro. A data foi lembrada com nova saraivada de críticas de dirigentes esportivos. O portal Uol deu especial destaque para os comentários de Vanderlei Luxemburgo, que repetiu discurso facilmente ouvido no dia-a-dia dos clubes na última década:

- Os atletas não conquistaram liberdade, pelo contrário, são os mais prejudicados. Já participei de algumas negociações, e muitas vezes vi que a porcentagem que fica com o jogador é menor do que a que fica com o empresário e o clube. Por isso, é preciso rever a lei e privilegiar os atletas brasileiros – defendeu.

Desde que foi aprovada, a legislação e os empresários são apontados por treinadores, cartolas e dirigentes como os grandes vilões do futebol brasileiro. Meu trabalho de conclusão de curso, apresentado em julho passado na UFSC, traz um capítulo sobre o tema. Abaixo segue um trecho dele que demonstra que, ao contrário do discurso padrão repetido preguiçosamente por jornalistas, são a incompetência e a conivência dos dirigentes as grande responsáveis pela situação falimentar do futebol brasileiro. Não é a Lei Pelé.

Assim como em quaisquer setores da sociedade brasileira, as mazelas não são fruto da legislação, mas sim da postura de quem a aplica.

De acordo com a lei 9.615/98, batizada de Lei Pelé, os clubes podem assinar o primeiro contrato profissional quando os jogadores completam 16 anos, estabelecendo o pagamento de multa rescisória. Outra opção é manter os atletas como amadores até os 20 anos, mas deixando a porta aberta para possíveis saídas. “Os clubes nem sempre assinam o contrato profissional por medo de questões trabalhistas. Pode acontecer de o jovem não progredir e haver a necessidade de um rompimento de contrato com pagamento de indenização”, explica Luciano Hostins, auditor do Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina.

Assim que a lei entrou em vigor, em 2001, muitas equipes ignoraram a possibilidade de terem elas mesmos que pagar essas multas rescisórias. Na ânsia de segurar seus atletas, optaram por profissionalizar os jogadores da base e prorrogar o contrato da maioria dos profissionais, estabelecendo indenizações milionárias. Assim, era como se continuassem donas do passe dos jogadores. Deixaram de ler, porém, um ponto fundamental da nova legislação. Todo atleta com o salário atrasado em três meses poderia pedir o rompimento do contrato e exigir o recebimento da multa rescisória determinada pela própria diretoria.

Só o Coritiba acumulou dívidas de R$ 50 milhões até 2002, entre reclamatórias trabalhistas e débitos com o fisco. Nos últimos anos, para manter o departamento profissional funcionando, a estratégia da diretoria foi enxugar o quadro de funcionários, renegociar as dívidas e voltar a apostar nos jogadores das categorias de base. Com essa fórmula, já pagou mais de R$ 30 milhões do que devia. O diretor jurídico do Coxa, Fernando Barrionuevo, porém, não culpa a legislação. “O estado crítico de muitos clubes deve-se à má gestão financeira e patrimonial. Os bem organizados se adaptaram à nova realidade”, garante.

Entre os clubes apontados até pelos adversários como exemplo de adaptação à Lei Pelé está o Internacional. No Colorado gaúcho, os contratos com os atletas, que antes eram de um ou dois anos, passaram a ser de três a cinco. A nova política valia também para os atletas que chegavam de fora, mas tinha como foco os recém promovidos dos juvenis e dos juniores. “A legislação realmente facilitou a saída dos jogadores, porque acabou com o vínculo vitalício do passe. Mas os clubes tiveram três anos [entre a aprovação da Lei e sua entrada em vigor] para se preparar, e alguns conseguiram”, avalia o advogado Eduardo Carlezzo.

Outro clube que apostou no prolongamento do contrato dos atletas recém promovidos das categorias de base foi o Atlético Paranaense. Dessa forma, conseguiu segurar suas jovens promessas e ainda faturar alto com o recebimento das multas rescisórias. Apenas as vendas de Kléberson, para o Manchester United em 2002, e de Fernandinho, para o Shaktar da Ucrânia em 2005, renderam cerca de R$ 45 milhões. Ano passado, o rubro-negro faturou cerca de R$ 33 milhões na venda de dez jogadores para o exterior.

O presidente do conselho gestor do clube, João Antônio Fleury da Rocha, ressalta que a adaptação à nova legislação exigiu a contratação de uma assessoria jurídica especializada. De acordo com o dirigente, o Atlético não gasta menos de R$ 50 mil por mês com advogados. “É um investimento que nem todo mundo está disposto a fazer. À primeira vista, parece dinheiro jogado fora”, comenta.

Exemplos como o do Inter e o do Atlético vão de encontro às alarmantes previsões feitas ainda em 1997, pelo Clube dos 13. Há exatos dez anos, a entidade criada para defender os interesses políticos e econômicos de times como São Paulo, Vasco e Bahia, divulgou um manifesto afirmando que o fim do passe implicaria “no êxodo crescente de atletas para o exterior, sem qualquer indenização para o clube formador”, levando à “falência irreversível” das equipes. Hoje, o Clube confirma suas previsões e afirma que a formação de atletas foi desestimulada e que os empresários tornaram-se os senhores do futebol brasileiro.

Quatro advogados especializados em direito esportivo ouvidos pela reportagem concordam que a lei foi prejudicial às equipes, ao acabar com seu principal patrimônio, o passe dos atletas. Destacam, porém, que essa realidade não é exclusiva do Brasil. O fim do passe surgiu na Europa em 1995 [ver box] e era inevitável que mais cedo ou mais tarde chegasse por aqui. “A legislação esportiva segue a tendência européia e não pode ser culpada pela situação dos clubes. Mas a especificidade brasileira é que a Lei Pelé não dá segurança jurídica às equipes. Muitos atletas são formados nas categorias de base e retirados sem qualquer direito à indenização”, afirma Luciano Hostins.

Para o catarinense Marcílio Krieger autor da obra Lei Pelé e Legislação Desportiva Brasileira Anotadas (2000), os cartolas são coniventes com a saída das jovens revelações. “Convém aos dirigentes não terem estrutura e balanço dos custos de formação de cada atleta porque assim eles podem levar dinheiro por fora nas negociações. Depois, dão entrevista dizendo que a Lei Pelé é uma droga, mas a verdade é que os clubes não têm interesse em fazer um acompanhamento correto da base”, acusa.

Possíveis alterações na lei, para proteger os times formadores e reduzir o poder dos empresários já estão em discussão no Congresso...Dentre as possíveis alterações na Lei, a volta do passe está fora de questão. Discute-se outra forma de proteção aos clubes formadores de atletas. Hoje, o primeiro contrato profissional só pode ser assinado quando o jogador completa 16 anos. Antes disso, porém, a maioria dos garotos já tem procuração assinada com empresários e sonha em jogar na Europa. A redução da idade de assinatura do vínculo federativo com o clube, explica o advogado Eduardo Carlezzo, é uma das possíveis alterações. Outra delas seria aumentar o prazo do primeiro contrato profissional, de cinco para sete anos – ou pelo menos até o atleta completar 23 anos.

Para agilizar as alterações na legislação, o Ministério dos Esportes elaborou o Projeto de Lei 5.186/05, já em tramitação no Congresso, que protegeria os quadros formadores. A intenção do ministro Orlando Silva é que o projeto seja discutido com prioridade. O Clube dos 13 comemora a sensibilidade do governo em “abreviar as dificuldades produzidas pela legislação vigente”. O presidente paranista José Carlos de Miranda, que não participa do clube, faz, porém, uma observação que pode levar a discussão a outra esfera. “Se a lei mudar, vai melhorar para os clubes, mas eles vão continuar dependendo da exportação de seus jogadores. É uma questão de poder econômico”.

Banho de água quente

A recente onda de violência no futebol chegou a um pacato jogo da categoria sub-16 do campeonato uruguaio, provando que elementos mal intencionados freqüentam estádios em qualquer canto onde 22 homens decidam correr atrás de uma bola.

No acanhado estádio Parque Ancap, o assistente Hugo Collazo bandeirava a partida entrer River Plate e Fênix quando, aos 36 do segundo tempo, foi agredido pelas costas por um torcedor que lhe jogou água quente. O líquido estava guardado em uma garrafa térmica usada para preparar o tradicional chimarrão.

O bandeira sofreu queimaduras de primeiro grau nas costas da cabeça e teve que ser levado a um hospital de Montevidéu. A associação de árbitros vai analisar o caso e exigir medidas que garantam mais segurança ao Ministério do Interior.

Por conta de um só torcedor, os uruguaios podem ser impedidos de entrar nos estádios com seu tradicional chimarrão a tiracolo. Lá, como cá, uma pessoa desequilibrada pode fazer a má fama de toda uma torcida.

sábado, 22 de março de 2008

Projeto para conter violência pára na burocracia

Para diminuir a violência nos estádios, o Ministério Público de São Paulo voltou a proibir a entrada de torcedores com uniformes de torcidas organizadas. Em Santa Catarina, torcidas visitantes não podem assistir aos jogos uniformizadas. O que pouca gente sabe é que um anteprojeto de lei já foi enviado ao governo em novembro do ano passado e pode implementar medidas definitivas para diminuir a violência entre torcidas.

O projeto prevê que uma série de delitos ligados ao esporte, como envolver-se em brigas dentro de estádios, sejam finalmente considerados crimes com até três anos de prisão. O texto já foi aprovado pelo Ministério do Esporte e depende agora de aprovação do ministro da Justiça, Tarso Genro.

Enquanto isso, federações estaduais e o Ministério Público continuam sem muita opção para conter a violência no futebol. Proibir torcidas visitantes de ir aos estádios, por exemplo, pode até ajudar a diminuir a violência, mas impede os torcedores civilizados de acompanharem seus times. Esse projeto que está há cinco meses para ser aprovado pelo Executivo pode ser, enfim, o início de uma solução que penaliza os criminosos, mas não os verdadeiros torcedores.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Punição justa para os agressores

Na terça-feira, o presidente da Fifa Joseph Blatter ensaiou interferir na punição ao zagueiro Martin Taylor, do Birminghan. Em um carrinho criminoso e atabalhoado, o zagueirão quebrou a perna do brasileiro Eduardo da Silva, do Arsenal, contusão que vai afastar o atacante dos gramados por nove meses.

Em conseqüência do lance, Taylor pegou apenas três jogos de punição. Blatter considerou a pena muito leve e pediu à Federação Inglesa que reconsiderasse a decisão. “Atacar alguém é crime, independente de acontecer dentro ou fora de campo. É crime e deve ser tratado como tal”, afirmou.

A polêmica aumentou quando o presidente da Fifa voltou a defender uma idéia antiga: a de que o jogador que causou a lesão fique afastado do futebol pelo mesmo tempo que o lesionado levar para recuperar-se totalmente. Depois Blatter voltou atrás e deixou a Federação Inglesa cuidar do caso, mas a discussão voltou à tona.

Seria justo Taylor ficar nove meses fora dos gramados por conta de um carrinho criminoso? O certo é que não é justo afastá-lo por apenas três jogos, enquanto Eduardo da Silva pode estar com a carreira comprometida para sempre por conta da irresponsabilidade de um brucutu qualquer. As imagens da lesão são tão fortes que não foram nem repetidas pela tv inglesa:

quinta-feira, 20 de março de 2008

Eliminatórias nas alturas


A Associação Paraguaia de Futebol decidiu atender um pedido do presidente boliviano Evo Morales e informou hoje que sua seleção vai, sim, jogar em La Paz pelas eliminatórias. A capital boliviana está 3,6 mil metros acima do nível do mar, 850 metros acima da altura máxima permitida pela FIFA para jogos internacionais.

O vice-presidente da APF informou que a entidade estava apenas ratificando um acordo assinado pelos dez países sul-americanos, comprometendo-se a jogar em La Paz.

Independente de acordo, é esquisito que a APF tenha aceitado um pedido do presidente da Bolívia. Em outubro do ano passado, a Colômbia já havia aceitado jogar em La Paz, mas os colombianos estão acostumados com as manhas da altitude.

O jogo do Brasil na Bolívia será só em outubro de 2009, pela penúltima rodada das Eliminatórias. Vai que a classificação esteja a perigo, vai que o Brasil aceite jogar na altitude por pura politicagem e vai que, mais uma vez, se dê mal. E aí?

terça-feira, 11 de março de 2008

Figueira copiado em Manchester

Essa eu tirei do Máquina do Esporte. E não é que o Figueirense e o Palmeiras vão servir de modelo para o sistema de venda de ingressos a ser usado pelo clube inglês Manchester City? A novidade vai ser inaugurada na partida de domingo, contra o Tottenham Hotspur.

"Mais uma vez, o Manchester City está liderando na inovação dos jogos. Essa tecnologia permite a nossos torcedores um acesso eletrônico e automático ao estádio e fazer compras de até dez libras rapidamente, tudo isso com o cartão de crédito", se vangloriou Duncan Martin, chefe de varejo do clube inglês.

Para ler a matéria completa do Máquina do Esporte, clique aqui.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Mais bandeiras pode

Na mesma reunião em que decidiu proibir a tecnologia, o comitê da Fifa decidiu aceitar a idéia de incluir mais dois bandeiras nas laterais. Eles tomariam conta de confusões e faltas dentro da área. Pelo mesmo argumento: acrescentar mais dois juízes não vai encarecer muito a taxa de arbitragem para centenas de clubes falidos Brasil afora?

No futebol não pode


Olá amigos blogueiros! Volto nesta segunda-feira febril às atualizações diárias após dois atribulados meses de ausência. E volto com um tema tão quente quanto requentado.

Quente porque a Fifa resolveu não aceitar o tal chip inseridos nas bolas que, de acordo com o fabricante, daria um sinal para o árbitro sempre que fosse gol. Requentada porque é apenas mais uma prova dos velhinhos da Fifa de que não se interessam pelas mudanças nas regras do esporte. Que outra razão teria a entidade se não fosse continuar com as dúvidas e as decisões dúbias dos homens de preto, permitindo uma robalheira generalizada até em Copas do Mundo?
A justificativa da entidade é ridícula: preservar o aspecto humano do jogo e a universalidade das regras. Não seria justo, de acordo com esse ponto de vista, usar o chip em torneios como a Liga dos Campeões porque a Liga de Futebol Amador de Palhoça não teria condições de pagar pela tecnologia.

Ora, no tênis e na natação, para ficar em dois exemplos bem diferentes, se usa tecnologia para tirar dúvidas sobre resultados e jogadas duvidosas. Mas só se usa o método em torneios mundiais e nacionais importantes, não no torneio de tênis infantil de Bagé. E ninguém contesta.

Aliás, talvez fosse melhor a Fifa proibir também a tecnologia usada para eliminar suor dos uniformes da Nike e da Adidas, porque clubes do interior do Mato Grosso, por exemplo, não têm como pagar pela comodidade e seus atletas jogam empapados de suor, em temperaturas superiores a 35 graus.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Fla-Tv pode lançar moda

O Flamengo lançou na última quinta-feira a Fla-TV, canal pela internet oficial do clube, e pode estar lançando moda no futebol brasileiro. A diretoria espera, com a iniciativa, faturamento mensal de R$ 6 milhões, com 500 mil assinantes pagando assinatura de R$ 12. O Flamengo ficaria com R$ 4,5 milhões. A Fla-Tv exibiria imagens exclusivas de treinos, viagens e bastidores do time. O novo projeto tem grandes chances de dar certo e render grana extra ao clube, mas não podemos deixar de analisar o seguinte:

Primeiro: os cartolas do Mengo adaptaram idéia européia – clubes como Real Madrid e Arsenal têm seus próprios canais de Tv. É chover no molhado destacar a diferença de poder aquisitivo entre europeus e brasileiros, mas é um ponto chave no projeto rubro-negro.

Mesmo com 30 milhões de torcedores, o Flamengo sofre do mesmo mal que assola todos os grandes clubes do país: nunca conseguiu transformar torcedor em consumidor – por razões que vão da mais pura incompetência dos dirigentes a questões culturais muito mais profundas. A Fla-Tv é uma bela iniciativa para começar a mudar esse quadro, mas o torcedor brasileiro, mesmo o mais fanático, está disposto a pagar R$ 12 por mês pra ver o Obina fazendo embaixadinhas em treino?

Outra: a diretoria informou que a Fla-Tv vai trazer imagens exclusivas de treinos do clube. E aí: continuam os treinos secretos? Os 500 mil torcedores que pagam pra ver os treinos poderão ir ao Procon se o Joel resolver proibir as câmeras? E as emissoras tradicionais, como que ficam? Vão ter menos acesso ao clube? Os jogadores vão dar preferência à Fla-Tv para entrevistas exclusivas?
É esperar pra ver.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Vacina contra urubus


Prova da mercantilização da Copa São Paulo de futebol júnior é a multa rescisória estabelecida pelo Inter para a estrela de seu time júnior, o meia Tales – R$ 30 milhões. Como a Lei Pelé determina que a multa não pode ser superior a 100 vezes o salário anual do jogador, Tales, aos 18 anos, recebe no mínimo R$ 25 mil por mês – rendimento superior ao de um ministro do Superior Tribunal de Justiça, que embolsa R$ 23,2 mil por mês.

Não fosse o assédio de empresários, certamente o Inter não pagaria tal quantia a um atleta que nem estreou pelos profissionais. A multa, porém, resguarda o clube e dá garantia de que ninguém vai roubar suas revelações. Com organização, dá para tirar proveito da Lei Pelé e de competições cada vez mais vigiadas, como é a Copa SP. Se ninguém estiver disposto a pagar os R$ 30 milhões, o Inter vai ter propiciado a seu jovem meia uma ótima chance para crescer técnica e psicologicamente, enfrentando os melhores de sua idade.

Caso algum empresário arrume um clube ou um investidor disposto a pagar a grana, o clube também sai ganhando. Outros, como Botafogo e Sport, preferiram não disputar a Copa para evitar o assédio das aves de rapina. Evitam problemas, é certo, mas perdem também ótima chance de dar experiência e visibilidade a seus garotos. Porque ninguém se engane: as categorias de base não servem para formar grandes jogadores para a equipe principal, mas para lapidar diamantes que arrecadem uns trocados em negociações com o exterior. E, para esse propósito, os urubus da bola são muito bem-vindos.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Maradona, afiado como nunca


A edição de dezembro da revista argentina El Gráfico traz uma ampla entrevista com o “melhor jogador de todos os tempos”, Diego Armando Maradona. El Diez respondeu a exatas 124 perguntas sobre futebol, seus problemas, suas alegrias, sua família. Grande leitura. Gostem ou não dele, Maradona é uma figura ímpar no mundo do futebol, pelo que jogou, por quem peitou e pelas bobagens que fez. Selecionei algumas respostas que valem a pena:

Vamos con una frase maradoniana: quién es más falso que dólar celeste?
Se juegan el pódio entre Blatter, Beckenbauer y Platini. Y um poquito más atrás entra el morocho... el diez brasileño. En outra época iba primero de cabeza, pero hoy hay otros. Son todos mamaderas. Fijate vos: el Mundial se lo dieron a Francia porque estaba Platini y hoy Platini es el presidente de la UEFA. El 2006 se lo dieron a Alemania, a Beckenbauer, outro mamadera. Y ahora se lo dan a Brasil... Está muy clarito todo esto, por eso cuando Blatter me invita a formar parte de la família de la FIFA, yo le contesto: “Por el amor de Dios, a esa família no la quiero, yo tengo a la Tota y a don Diego, ésa es mi família, la otra dejá...”

Con Pelé te amigaste para subir el rating de tu programa o era de verdad?
Mientras él se gane su vida, está todo bien; ahora, cuando quiere cagar más alto que el culo, no existe.

Qué no te bancas de él?
Que lo mame a Blatter, a Beckenbauer, a Platini, que este queriendo meterse permanentemente em todos los negócios, eso no me banco. Que se olvide de que fue jugador de fútbol, eso no me banco. Ya se lo dijo Romário, también Zico, los próprios brasileños. A mí no me gusta el tipo que quiere llegar trepando porque él no necesito, se lo ganó dentro de la cancha, él no necesita ser um Blatter que nunca lê pegó a una pelota y tiene que ser mamón para llegar a ser el presidente de la FIFA.

Quién se el mejor del mundo?
Entre Ronaldinho y Messi, puede acercarse Rooney.

Kaká?
A Kaká lo pongo em el pelotón, no lo destaco tanto, lo veo más atrás.

El mejor jugador que viste en tu vida.
Está entre Romário y Van Basten.

Quién te gustaría que fuera hoy el técnico de la Selección?Diego Maradona. El pompón mio, que es mi hija Gianinna, me lo pide todos los dias. Es quien más me lo recuerda. Cada vez que hay um partido, me dice: “Papá, por qué no estás vos?”. Y no sé, yo no puedo obligar a nadie.

Te la llegaron a ofrecer formalmente alguna vez?
Te juro por mis dos hijas (se hace la cruz con los dedos sobre la boca): fue antes del partido com Alemania, en el último Mundial. Cara a cara, em persona, Grondona [presidente da Associação Argentina de Futebol] me dijo: “Diego, el próximo sos vos”. Después no se dio, no sé por qué.

Tú dia más feliz y ty dia más triste en el fútbol.
Los más felices fueron cuando salí campeón del mundo con la Selección, com Napoli, con Boca, en el juvenil. Y el más triste cuando me cortaron las piernas em el USA 94, porque era el último Mundial y porque íbamos a ser los campeones del mundo. Cuando después de ese Mundial me los crucé a Romário y a Bebeto, los dos me dijeron lo mismo: “Cuando vimos que le remontaban el partido a Nigéria, nos dimos cuenta de que tendríamos que jugar la final contra ustedes”.

De todas las veces que coqueteaste com la muerte, em cuál te asustaste más?
Em la última, porqué toqué fondo. Ahí fue cuando Gianinna [uma das duas filhas] me pidió que viviera para ella. Me lo contó Dalma [a outra filha], porque yo estaba muerto, no la escuchaba, sólo veia oscuridad, me veia para mis adentros y no podia reaccionar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Santo de casa...


A possibilidade de o Palmeiras pagar algo em torno de R$ 10 milhões para contratar o meia Diego Souza é inédita no futebol brasileiro. Tudo bem que o jogador não pertence ao Grêmio, e sim ao Benfica de Portugal, mas foram suas atuações pelo clube gaúcho que chamaram a atenção do palmeirenses. Podemos tratá-la, tecnicamente, como uma transferência interna. Seria – e me corrijam se estiver errado – o valor mais alto já pago por um clube brasileiro para contratar um atleta que já atuava em solo nacional.

Nossos clubes, historicamente, não tem competência nem cacife para apostar em atletas locais de destaque. De supetão, lembro de apenas três transferências que tenham envolvido um valor mais “europeu”: a do Dagoberto para o São Paulo, a do Marcinho para o Palmeiras, e a do Ricardinho para o São Paulo. Todas giraram em torno de R$ 5 milhões, metade do que o Benfica pretende receber pelo gremista Diego Souza.

A situação é reflexo não só da valorização do Real, mas pode sinalizar uma mudança de postura dos clubes brasileiros. Talvez seja ingenuidade minha, mas percebo que, mais do que lucrar numa possível venda, o Palmeiras quer o Diego para conquistar títulos, vender camisas e recuperar torcedores. O Grêmio, que também está na briga pelo meia, adota a mesma postura.

O problema, para eles, é que as compras do Ricardinho e do Marcinho foram verdadeiros desastres. Dagoberto até que salva a pátria. Diego Souza também tem bola para jogar até na seleção, mas terá cabeça para carregar o fardo de jogador-solução?