sábado, 5 de abril de 2008

Vale ou não vale?


Acredito que nem o próprio Ronaldinho entenda muito bem o momento atual de sua carreira. Milionário, duas vezes melhor do mundo e ídolo de um dos maiores clubes do planeta, o gaúcho simplesmente deixou de jogar, de treinar, de se interessar, enfim. Usa há meses uma contusão no músculo adutor da perna direita para faltar a treinos e, segundo diários catalães, se esbaldar em festas. Isso tudo no momento em que o Barca tem grandes chances de passar às semi-finais da Liga dos Campeões e ainda corre atrás do título espanhol.

Mas Ronaldinho cansou. O astro simplesmente não sente mais motivação em jogar pelo Barcelona. Assim como não sente mais tesão em defender a seleção. Chegou ao auge da carreira, do dinheiro, da consagração, e cansou. Não deixa de ser compreensível. O cara está há mais de 10 anos esbanjando talento em Bagé, em Paris, em Bilbao, em Londres. Uma hora cansa.

Cansado também está o Barcelona. O clube tem plantel tão qualificado que se dá ao luxo de vencer e convencer sem Ronaldinho e Messi. E já não vê necessidade de pagar o salário astronômico que o craque recebe – cerca de 2 milhões de reais por mês. A ameaça do irmão e empresário do brasileiro, de recorrer ao artigo 17 do código de transferências da Fifa, nesse contexto, soa quase como alívio. A multa rescisória de Ronaldinho foi estipulada em 125 milhões de euros, num contrato que vai até 2010. O tal código 17, por sua vez, determina que todo jogador que cumpra três anos de contrato pode pagar o que teria a receber em salários e mais uma porcentagem do que custou e cair fora. Ronaldinho, portanto, está disponível por 16 milhões de euros.

Mixaria para o que pode jogar. Uma fortuna, porém, para o que demonstra querer jogar. E tomara que o dentuço me faça engolir essa frase.

Seguro contra cartolas


Do Máquina do Esporte:

A Fifa decidiu fazer um seguro contra qualquer merda que possa dar na Copa de 2010. Com receio de que os sul-africanos não consigam realizar o torneio, a entidade depositou R$ 1,3 bilhão como prevenção.

As seguradoras tradicionais se negaram a fechar acordo com a Fifa por avaliarem que há grande risco de o mundial não se realizar. Para as próximas Copas, a entidade estuda a possibilidade de obrigar os próprios comitês organizadores a garantirem a realização das competições.

E a próxima Copa, não custa lembrar, vai ser no Brasil...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O futebol, a sociedade e o Luís Fabiano

Esse Luís Fabiano é um cara engraçado. Além de um dos maiores artilheiros da história do São Paulo, com 118 gols, é o atual goleador do campeonato espanhol, com 22, e, até semana passada, era o camisa 9 da seleção brasileira.

Em dez dias, porém, conseguiu dar três declarações que demonstram uma certa ingenuidade e boa dose de ignorância. Já discuti com muita gente por aí e continuo com minha opinião: jogador tem que ser esperto, inteligente, antenado. Os que não são, exceto se forem realmente geniais, acabam ficando pra trás.

Pois o Luís Fabiano disse, antes do jogo contra a Suécia, que não conhecia nenhum jogador campeão mundial em 1958; revelou, em entrevista à Placar desse mês, que não dá bola para as tradições e costumes dos lugares onde vive; e, à mesma revista, garantiu em tom meio insolente que no Brasil jogaria até quase 40 anos porque aqui os marcadores andam em campo.

Fora o absurdo óbvio de um centroavante da seleção não conhecer caras como Pelé e Garrincha, ele realmente acredita que os zagueiros do Levante são mais casca-grossa que os do Grêmio ou do Palmeiras. Nada mais natural pra quem não se interessa pela cultura dos países em que vive.

O futebol reflete, como poucas atividades, os hábitos dos povos. Caso se interessasse por questões como essa, o Luís Fabiano saberia que os zagueiros espanhóis, por mais que sejam europeus, são mais molengas que pudim.

E você, o que acha? Jogador de futebol tem ou não que ser antenado dentro e fora de campo?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Dinheiro não traz felicidade...

Pra montar uma grande equipe, não basta grana no banco. O Chelsea, da Inglaterra, gastou mais de 800 milhões de reais em contratações para quatro temporadas e não faturou um torneio continental sequer. Realizou façanhas. Pagou, por exemplo, 25 milhões de reais para contratar o lateral esquerdo espanhol Del Horno, que não joga mais bola que o Triguinho, hoje no Botafogo.

Com quatro jogadores – Lampard, Terry, Shevchenko e Ballack – entre os dez mais bem pagos do mundo, os londrinos podem bater mais uma vez na trave esse ano. Perderam hoje para o Fenerbahce, equipe turca treinada pelo Zico. E olha só que coisa. A base do time é formada por jogadores que saem do Brasil a preço de banana.

Entre os titulares, estavam o Lugano, o Edu Dracena, o Maldonado, o Alex (aquele...) e o Deivid. É uma comparação meio boba, mas leva a gente a pensar. Excesso de grana não serve pra explicar o sucesso, nem pra justificar o fracasso.

....mas ajuda a comprar

Dá uma olhada na lista dos dez jogadores mais bem pagos do mundo, de acordo com a revista americana Sports Illustrated. Não sei quanto a vocês, mas acho que, tirando o Kaká, o Cristiano Ronaldo e o Henry, ninguém merece estar ali pelo que vem jogando.

Confira os dez primeiros da lista:
1. Kaká (Milan): $14.9 milhões
2. Ronaldinho (Barcelona): $14.1 milhões
3. Frank Lampard (Chelsea): $13.5 milhões
4. John Terry (Chelsea): $13.5 milhões
5. Fernando Torres (Liverpool): $13.1 milhões
6. Andriy Shevchenko (Chelsea): $12.9 milhões
7. Michael Ballack (Chelsea): $12.9 milhões
8. Cristiano Ronaldo (Manchester United): $12.7 milhões
9. Thierry Henry (FC Barcelona): $12.7 milhões
10. Steven Gerrard (Liverpool): $12.7 milhões

segunda-feira, 31 de março de 2008

Avaí x Figueirense

Apesar do atraso, não poderia deixar de comentar o clássico Avaí x Figueirense deste domingo. Como estou em São Paulo, sem rádio e sem internet, não pude acompanhar o jogo de perto. Ouvi algumas partes pelo telefone, com minha mãe do outro lado da linha com o rádio a todo volume. Mesmo assim, me permito dar uns pitecos:

- Após nove anos sem vencer o Figueirense no Scarpelli, o Avaí venceu no estilo avaiano de ser: seguro na defesa e esperto no ataque. Não entrou em campo de salto alto, como fez no primeiro turno.

- Mando de campo não vale nada nesse campeonato. O Avaí, por exemplo, que sempre teve grandes dificuldades ao cruzar a ponte, decidiu encarar os adversários com cabeça erguida dentro e fora de casa e vem se dando bem.

- Não dá para encarar um jogo decisivo como se encara uma partida qualquer. O Figueirense precisou de duas chacoalhadas para perceber isso. O Avaí jogou o primeiro clássico como quem enfrenta o Juventus e também aprendeu na marra.

- Jogador sem ritmo de jogo não funciona em clássico, a não ser que se chame Fernandes.

- O goleiro do Figueirense também falha, sim, nas horas decisivas.

- Não é de nome, mas de postura, que se fazem os grandes treinadores.

- O Figueirense engrenou no primeiro turno após o clássico. Mas isso não significa que o Avaí vai fazer o mesmo. Fé em Deus e pé na tábua.

- Tabus existem para serem quebrados.

- Fica muito esquisito o Scarpelli sem aquela turma de azul ali no cantinho.

- Alguém já viu o Fernandes decidir um clássico e mandar a torcida do Avaí calar a boca?

- O Criciúma que me desculpe, mas esse campeonato tem que ter um Avaí e Figueira na final. É a chance da revanche prum lado, e da confirmação pro outro.

Oito ou oitenta

E não é que Eurico Miranda resolveu contratar pela sexta vez o supersticioso Antônio Lopes para comandar o Vasco? A atitude do presidente vascaíno é muito parecida à da diretoria do Grêmio, que voltou a contratar Celso Roth, pela terceira vez à frente do tricolor gaúcho.

Os dois clubes apostaram errado em técnicos novatos e, para não errar de novo, trouxeram dois velhos conhecidos da torcida. Fica com aquela cara de que apostar no novo não dá resultado. E não é bem por aí. O Grêmio ainda trouxe um nome com bons resultados em seu início de carreira, mas sem respaldo junto à torcida, jogadores e diretoria. O Vasco contratou um treinador com péssima passagem pelo Avaí, quando quase foi rebaixado para a Série C do brasileirão.

Apostaram nas pessoas erradas em momentos errados. Com a contratação de Roth e Lopes, fica parecendo que o erro foi apostar em novatos. Resta saber que inovações esperam com duas figurinhas mais do que gastas.