quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ninguém dá topada porque quer


Os olhos vermelhos e a voz vacilante do Joel Santana na coletiva depois da derrota histórica para o América representam bem o que foi a noite de ontem para o Flamengo. “Ninguém bate o carro porque quer, ninguém dá topada porque quer. Tem coisas que simplesmente acontecem”, afirmou o novo treinador da África do Sul. A verdade é que algumas tragédias parecem realmente inevitáveis.

Assim que o juiz apitou o fim da partida, todo comentarista esportivo já tinha na ponta da língua uma explicação para o fracasso. Era óbvio. Fizeram festa pro Joel. Os dirigentes invadiram o campo. Menosprezaram o América. O Flamengo não tem meio-campo. Não poderia ter partido pra cima dos mexicanos. O Souza não faz gol. O Toró só faz faltas. O Ibson faz tempo que não joga. O Caio Júnior é um tremendo pé-frio.

Tudo isso pode ser verdade. Mas comentar depois é muito fácil. Assim como hoje é muito claro que o Brasil só poderia ter perdido para o Uruguai em 1950, só não viu quem não quis. Assim como é evidente que a seleção feminina de vôlei não tinha como ganhar da Rússia nas Olimpíadas depois de abrir 24 a 19, assim como é óbvio que o Botafogo iria abrir as pernas para o River depois de fazer 2 a 1 fora de casa na sul-americana do ano passado.

Tudo é muito óbvio e todo mundo fez tudo errado. Só não viu quem é cego. O Flamengo não tem meio, não tem banco, e vai se dar mal no Brasileiro. O Caio Júnior não vai ter pulso para administrar a crise. Os salários vão atrasar. O Flamengo vai fazer o mesmo papelão que vem fazendo nos últimos 15 anos no campeonato nacional. No meio de tantas certezas, eu ainda fico com a do Joel. “O que tinha ser feito, a gente fez. Mas futebol é assim”.

A culpa, nessas horas, está muito mais na ansiedade de jogadores mal-acostumados a jogar decisões e de uma torcida e um time sedento por títulos importantes que rarearam nas estantes da Gávea. A derrota e o fracasso estavam, durante todo o jogo, nos piores pensamentos de cada um dos jogadores do Flamengo. Fracassaram pelo mesmo motivo que a Mari errou cinco ataques seguidos no quarto set contra a Rússia. Não é que a Mari não tenha treinado. Acontece que não estava acostumada a uma competição daquele nível e tinha o país inteiro nos ombros. Quando viu que o sucesso batia à porta, fracassou. Assim como o Bruno, o Léo Moura, o Souza. Ninguém dá topada porque quer. E não adianta culpar até o Caio Júnior.

4 comentários:

Alexandre Venancio disse...

Como é obvio que os jogadores, do flamengo devem ter tomado todas, naquelas festas de boleiros com cervejas mulheres e travecos a rodo, no domingo não se importanto nenhum um pouco com a libertadores que é somente a libertadores.

Felipe Silva disse...

Lucas, discordo um pouco de ti. Acho que foi muita festa e pouca concentração pro jogo. Aquele resultado de 4 a 2 deixou todo mundo no Flamengo com a sensação de "já ganhou", aí se preocuparam mais em comemorar o estadual, homenagear a Joel e por aí vai. Aí, quando a vaca estava indo pro brejo (2 a 0), concordo contigo, faltou experiência pra saber administrar a situação.

O Boca tava levando um calor do Cruzeiro quando tava 0 a 0, mas foi lá e, pimba, fez dois gols com Palacio e Palermo, na hora que mais tava sendo pressionado.

Confesso que antes do jogo eu tava puto porque queria ver o SP já que dava como favas contadas a classificação do Fla. Mas acabei me divertindo horrores.

E nessa sexta tem nosso Leão. Espero que passe na TV.

Abraço

Anônimo disse...

Ou será que bruxa de 1950 voltou a fazer festa no Maracanã ?
Bom comentário.

Abraços

Anônimo disse...

Felipe, concordo que teve festa demais antes do jogo, mas acho que a ansiedade e inexperiência dos jogadores pesou muito mais que isso. Para o Boca pesou, justamente, a camisa.

Abraço