segunda-feira, 24 de março de 2008

A legislação não tem culpa (mas alguém tem)


A Lei Pelé completou hoje dez anos de vida sem trazer grandes alterações à realidade do futebol brasileiro. A data foi lembrada com nova saraivada de críticas de dirigentes esportivos. O portal Uol deu especial destaque para os comentários de Vanderlei Luxemburgo, que repetiu discurso facilmente ouvido no dia-a-dia dos clubes na última década:

- Os atletas não conquistaram liberdade, pelo contrário, são os mais prejudicados. Já participei de algumas negociações, e muitas vezes vi que a porcentagem que fica com o jogador é menor do que a que fica com o empresário e o clube. Por isso, é preciso rever a lei e privilegiar os atletas brasileiros – defendeu.

Desde que foi aprovada, a legislação e os empresários são apontados por treinadores, cartolas e dirigentes como os grandes vilões do futebol brasileiro. Meu trabalho de conclusão de curso, apresentado em julho passado na UFSC, traz um capítulo sobre o tema. Abaixo segue um trecho dele que demonstra que, ao contrário do discurso padrão repetido preguiçosamente por jornalistas, são a incompetência e a conivência dos dirigentes as grande responsáveis pela situação falimentar do futebol brasileiro. Não é a Lei Pelé.

Assim como em quaisquer setores da sociedade brasileira, as mazelas não são fruto da legislação, mas sim da postura de quem a aplica.

De acordo com a lei 9.615/98, batizada de Lei Pelé, os clubes podem assinar o primeiro contrato profissional quando os jogadores completam 16 anos, estabelecendo o pagamento de multa rescisória. Outra opção é manter os atletas como amadores até os 20 anos, mas deixando a porta aberta para possíveis saídas. “Os clubes nem sempre assinam o contrato profissional por medo de questões trabalhistas. Pode acontecer de o jovem não progredir e haver a necessidade de um rompimento de contrato com pagamento de indenização”, explica Luciano Hostins, auditor do Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina.

Assim que a lei entrou em vigor, em 2001, muitas equipes ignoraram a possibilidade de terem elas mesmos que pagar essas multas rescisórias. Na ânsia de segurar seus atletas, optaram por profissionalizar os jogadores da base e prorrogar o contrato da maioria dos profissionais, estabelecendo indenizações milionárias. Assim, era como se continuassem donas do passe dos jogadores. Deixaram de ler, porém, um ponto fundamental da nova legislação. Todo atleta com o salário atrasado em três meses poderia pedir o rompimento do contrato e exigir o recebimento da multa rescisória determinada pela própria diretoria.

Só o Coritiba acumulou dívidas de R$ 50 milhões até 2002, entre reclamatórias trabalhistas e débitos com o fisco. Nos últimos anos, para manter o departamento profissional funcionando, a estratégia da diretoria foi enxugar o quadro de funcionários, renegociar as dívidas e voltar a apostar nos jogadores das categorias de base. Com essa fórmula, já pagou mais de R$ 30 milhões do que devia. O diretor jurídico do Coxa, Fernando Barrionuevo, porém, não culpa a legislação. “O estado crítico de muitos clubes deve-se à má gestão financeira e patrimonial. Os bem organizados se adaptaram à nova realidade”, garante.

Entre os clubes apontados até pelos adversários como exemplo de adaptação à Lei Pelé está o Internacional. No Colorado gaúcho, os contratos com os atletas, que antes eram de um ou dois anos, passaram a ser de três a cinco. A nova política valia também para os atletas que chegavam de fora, mas tinha como foco os recém promovidos dos juvenis e dos juniores. “A legislação realmente facilitou a saída dos jogadores, porque acabou com o vínculo vitalício do passe. Mas os clubes tiveram três anos [entre a aprovação da Lei e sua entrada em vigor] para se preparar, e alguns conseguiram”, avalia o advogado Eduardo Carlezzo.

Outro clube que apostou no prolongamento do contrato dos atletas recém promovidos das categorias de base foi o Atlético Paranaense. Dessa forma, conseguiu segurar suas jovens promessas e ainda faturar alto com o recebimento das multas rescisórias. Apenas as vendas de Kléberson, para o Manchester United em 2002, e de Fernandinho, para o Shaktar da Ucrânia em 2005, renderam cerca de R$ 45 milhões. Ano passado, o rubro-negro faturou cerca de R$ 33 milhões na venda de dez jogadores para o exterior.

O presidente do conselho gestor do clube, João Antônio Fleury da Rocha, ressalta que a adaptação à nova legislação exigiu a contratação de uma assessoria jurídica especializada. De acordo com o dirigente, o Atlético não gasta menos de R$ 50 mil por mês com advogados. “É um investimento que nem todo mundo está disposto a fazer. À primeira vista, parece dinheiro jogado fora”, comenta.

Exemplos como o do Inter e o do Atlético vão de encontro às alarmantes previsões feitas ainda em 1997, pelo Clube dos 13. Há exatos dez anos, a entidade criada para defender os interesses políticos e econômicos de times como São Paulo, Vasco e Bahia, divulgou um manifesto afirmando que o fim do passe implicaria “no êxodo crescente de atletas para o exterior, sem qualquer indenização para o clube formador”, levando à “falência irreversível” das equipes. Hoje, o Clube confirma suas previsões e afirma que a formação de atletas foi desestimulada e que os empresários tornaram-se os senhores do futebol brasileiro.

Quatro advogados especializados em direito esportivo ouvidos pela reportagem concordam que a lei foi prejudicial às equipes, ao acabar com seu principal patrimônio, o passe dos atletas. Destacam, porém, que essa realidade não é exclusiva do Brasil. O fim do passe surgiu na Europa em 1995 [ver box] e era inevitável que mais cedo ou mais tarde chegasse por aqui. “A legislação esportiva segue a tendência européia e não pode ser culpada pela situação dos clubes. Mas a especificidade brasileira é que a Lei Pelé não dá segurança jurídica às equipes. Muitos atletas são formados nas categorias de base e retirados sem qualquer direito à indenização”, afirma Luciano Hostins.

Para o catarinense Marcílio Krieger autor da obra Lei Pelé e Legislação Desportiva Brasileira Anotadas (2000), os cartolas são coniventes com a saída das jovens revelações. “Convém aos dirigentes não terem estrutura e balanço dos custos de formação de cada atleta porque assim eles podem levar dinheiro por fora nas negociações. Depois, dão entrevista dizendo que a Lei Pelé é uma droga, mas a verdade é que os clubes não têm interesse em fazer um acompanhamento correto da base”, acusa.

Possíveis alterações na lei, para proteger os times formadores e reduzir o poder dos empresários já estão em discussão no Congresso...Dentre as possíveis alterações na Lei, a volta do passe está fora de questão. Discute-se outra forma de proteção aos clubes formadores de atletas. Hoje, o primeiro contrato profissional só pode ser assinado quando o jogador completa 16 anos. Antes disso, porém, a maioria dos garotos já tem procuração assinada com empresários e sonha em jogar na Europa. A redução da idade de assinatura do vínculo federativo com o clube, explica o advogado Eduardo Carlezzo, é uma das possíveis alterações. Outra delas seria aumentar o prazo do primeiro contrato profissional, de cinco para sete anos – ou pelo menos até o atleta completar 23 anos.

Para agilizar as alterações na legislação, o Ministério dos Esportes elaborou o Projeto de Lei 5.186/05, já em tramitação no Congresso, que protegeria os quadros formadores. A intenção do ministro Orlando Silva é que o projeto seja discutido com prioridade. O Clube dos 13 comemora a sensibilidade do governo em “abreviar as dificuldades produzidas pela legislação vigente”. O presidente paranista José Carlos de Miranda, que não participa do clube, faz, porém, uma observação que pode levar a discussão a outra esfera. “Se a lei mudar, vai melhorar para os clubes, mas eles vão continuar dependendo da exportação de seus jogadores. É uma questão de poder econômico”.

2 comentários:

Anônimo disse...

boa tarde, meu nome e´CLAUDIA,e gostaria de saber como faço para fazer uma materia sobre garotos que lutam pela carreira de futebol,mas a maioria das vezes desistem ou perdem a oportunidade por *discriminaçao ou por falta de apoio dos clubes,sendo que vejo hoje que profissionais do futebol na realidade tem a chance somente se ha empresario envolvido na carreira dos garotos nao tendo empresario muitos vao para os clubes e simplesmente nao tem a chance de continuar o sonho. pois nao querem e por decisoes da propria diretoria do clube nao dar chances a muitos desses garotos atletas com dom com capacidades eles nao estao dando oportunidades, na verdade querem garotos prontos, para nao precisarem investir.
Tenho um filho de 15 anos que tem um objetivo unico*ser jogador de futebol, joga desde os 8 anos,e por muitas pessoas do ramo de futebol ouvimos dizer que ele e´ acima da media tem futebol nas veias, jogou em 3 clubes ate´´ o momento*CORINTHIAS*, SAO PAULO*, e ate dia 20/03/2009 jogava no*CLUBE PARANA´´aonde estava alojado ha 1 ano, desde entao estava alojado com varios garotos, treinava pela categoria de base mirim,aonde tinha um contrato de atleta por estar na responsabilidade do clube,desde entao venho tendo contatos com a administraçao do clube,tendo informaçoes sobre o desenvolvimento e o desempenho de meu filho, desde agosto de 2008 meu filho vem fazendo tratamentos medicos,por encaminhamento do clube, aonde feito muitos exames,foi constado que ele teria uma estatura baixa,e com tratamentos de crescimento isso poderia se resolver, sendo assim o clube deu andamento no tratamento, passando nos expectativas que a necessidade de meu filho seria somente dar continuidade no processo,ao me comunicar no mes de fevereiro 2009, que seria necessario uma autorizaçao reconhecida por cartorio eu como responsvel dele autorizando que o responsavel e fisiologista da categoria de base pudesse efetuar a retirada de medicamentos para o tratamento do paciente *meu filho,sendo entao procuramos enviar essa documentaçao, para o mas rapido conseguissem dar andamento no tratamento, isso nos fez ter expectativas, que realmente estariam acreditando e apostando na carreira de meu filho, dando oportunidades e condiçoes para que ele jamais vinhesse desistir.
No dia 19/03/2009, recebo uma ligaçao da psicologa do clube, informando que meu filho por ordens da diretoria do clube,teria sido dispensado, e que fosse busca-lo,por decisoes entre a comissao tecnica e a direçao do clube nao continuaria com ele,e ´que gostaria muito fossemos busca-lo e que pudessemos conversar a respeito,eu como mae tive a certeza que aquela atitude nao era normal,e algo me passou pela cabeça*discriminaçao*, pois ate entao o diretor do clube que estava dirigindo o clube parana´ha 5 meses,teria sido tecnico do clube SAO PAULO, porem tecnico da categoria do meu filho quando jogava na epoca no clube SAO PAULO ha 1 ano e meio atraz tendo sido dispensado pelo proprio diretor hoje que dirige o clube parana´*sera´PERSEGUIÇAO*DISCRIMINAÇAO?
no dia seguinte saimos de sao paulo e fomos ate´ CURITIBA-4 BARRAS bairro aonde se localiza o clube parana´, procuramos a psicologa, que estava a nossa espera, nos comunicou que o meu filho estava sendo dispensado por determinaçao da diretoria do clube e a comissao tecnica,sendo assim convocou a presença da comissao sendo o tecnico que treinava meu filho o fisiologista do clube o mesmo que cuidava dos tratamentos medicos dos atletas,começamos a falar a respeito da decisao que levaram a dispensar o meu filho,nao momento nos apresentaram o tecnico que o treinava ate´entao o tecnico era recente e estava treinando a categoria mirim ha 20 dias e pela avaliaçao concluida por ele meu filho nao tinha fisico e outros altetas que tambem chegaram recentemente ao clube jogando na categoria dele estava mas preparado e por decisoes nao havia mas necessidade em ficar com ele, logo em seguida questionamos, pois ate 20 dias exatamente tinhamos enviado a autorizaçao para dar continuidade no tratamento necessario para que meu filho pudesse ter a chance de continuar a desempenhar seu trabalho,e derrepente nao servia mas para o clube,logo tivemos a sensaçao de que realmente *DISCRIMINAÇAO E PERSEGUIÇAO*,meio, que para que perderemos tempo em ter que prepara-lo fisicamente se ja temos garotos maiores,assim que entendemos ate´´ o momento, ate entao tambem nos alegaram ser criterios da comissao,que haviam garotos melhores, nos constragendo a todo tempo,mas sabiamos realmente o motivo.
Em seguida nos entregaram os exames medicos que ele teria feito ate aquele momento,caso se quizessemos dar continuidade no tratamento alguns dos exames ja estariam prontos,quer dizer se nao quizermos desistir que continuaremos a lutar por ele, pois o clube nao poderia nos dar essa oportunidade.
Ficamos indignados,logo depois a psicologa nos comunicou que teria que dar a noticia ao meu filho,que teria que prepara-lo, sabendo que para ele nao seria facil, tomei minha posiçao e disse que realmente sim o que estava acontecendo poderia trazer danos futuros ao meu filho, psicologicamente,pois tantas mudanças,talvez um sonho que estaria deixando de acontecer, por discriminaçao mesmo, esse era meu ponto de vista.
Depois de alguns instantes chega meu filho,ja sabendo que nao jogaria mas no clube, ao chorar diz que foi injustiça e alega que ha 15 dias sendo treinado pelo novo tecnico,estava sendo excluido,nao participando dos treinos como anteriormente treinava,e que o novo treinador teria trago novos garotos e que somente eles estavam tendo oportunidades de treinos e podendo assim desempenhar, se sentiu descriminado e que aquela atitude do treinador poderia ser prejudicado, ali tivemos a total certeza que meu filho estva sendo discriminado por tamanho,e realmente muitos clubes tem os seus garotos preferenciados,sera´´ que seus criterios agora e´ so´´ queremos garotos prontos, 1,70 altura, com um otimo fisico e colocaremos nas prateleiras, e muitos como meu filho se tornam descartaveis fazendo que muitos garotos como ele desistam de seus sonhos por falta de oportunidad
Gostaria muito que voces levassem em consideraçao meu desabafo, sei que nao e´facil, pois ha muitos e muitos garotos como meu filho com futebol nas veias escondidos por ai,por nao ter um apoio familiar, um empresario por traz para investir ou mesmo ter acesso a textes *peneiras*que clubes fazem,e sim darem oportunidades, para muitos desses meninos uma chance de mostrarem realmente que jogam bola so´´ precisam de chance.
Gostaria muito se pudesse uma oprtunidade de levar essa materia adiante, e estou disposta a continuar com a carreira do meu filho sendo asim, deixando o espaço aberto para que empresarios do ramo possa a ter acesso a historia do meu filho e que queiram conhecer um pouco do seu trabalho.
COM MUITO ENTUSIASMO AGRADEÇO!!!!!!!!!

Anônimo disse...

ou sera´´ que este assunto tem a haver com a nova lei?