sexta-feira, 23 de maio de 2008

Campeón


A vitória amarga do Santos sobre o América do México e a eliminação nos pênaltis do San Lorenzo frente à LDU abriram as portas para o Boca conquistar pela sétima vez a Copa Libertadores. O título colocaria os xeneizes como os maiores vencedores da história, ao lado dos conterrâneos do Independiente. Mais do que isso, o troféu marcaria a maior hegemonia de um clube numa única década na história do futebol sul-americano. O Boca já venceu quatro Libertadores desde 2000 e, se papar mais uma, passará o mesmo Independiente, que venceu quatro vezes nos anos 1970 - 1972, 1973, 1974, 1975.

Difícil imaginar que a atual geração do Boca forma a maior equipe da história do futebol sul-americano. Já gravaram seu nome no troféu formações lendárias como o Santos de Pelé, o Peñarol de Spencer e Pedro Rocha, o São Paulo de Raí, o Flamengo de Zico, o Independiente de Bochini. Apesar das constantes trocas no onze titular, a geração anos 2000 do Boca tem em Riquelme, Palácio, Palermo, Tevez, Schelotto e Gago seus principais nomes. Dentro de campo, nada espetacular. Fora dele, a mística da Bombonera.

A verdade, porém, é que o estádio sempre esteve lá. Está de pé desde 1940. Times competitivos e brigadores o Boca também sempre formou. O que pode diferenciar a geração atual das anteriores é a falta de concorrentes. Em 48 anos de história da Libertadores, Santos, Independiente, Peñarol, Olímpia, Colo-colo e Once Caldas já tiveram o prazer e a coragem de eliminar o Boca em finais ou semi-finais. Exceção feita ao valente Once Caldas, todos os outros têm o passado como aliado. Os tempos eram outros. Tempos em que uruguaios, paraguaios e chilenos assustavam.
Hoje, são raras as equipes que ousam quebrar a hegemonia brasileiro-argentina no torneio mais disputado do mundo. E a verdade verdadeira é que, se o Boca não tem um esquadrão, tem um time mais competitivo que os do lado de cá da fronteira – lotados de novatos esperando carimbar o passaporte para a Europa, ou de quem já voltou pra encerrar a carreira ou em busca de recuperação. O Palermo não é craque, mas joga mais que os centroavantes que temos por aqui. Assim como o Palácio. Assim como o Riquelme.

Além do mais, morremos de medo de enfrentar aquela camisa amarela e azul. Dos seis brasileiros que começaram a Libertadores desse ano, cinco ficaram pelo caminho. Só sobrou o Fluminense. Tomara que queime minha língua. Tomara que a surpreendente LDU e o América do Cabañas e do Ochoa me façam engolir as palavras. Mas, pela competência e pela falta de concorrentes, o Boca já é campeão.

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